O comando nacional do PMDB está tentando blindar politicamente o ministro da Previdência Social, Romero Jucá, cotado para ser substituído na reforma ministerial por conta de seu envolvimento em supostas irregularidades, como o oferecimento de propriedades inexistentes como garantias bancárias. Nas últimas 48 horas, os principais dirigentes do partido unificaram seu discurso e conversaram com interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, avisando que não aceitarão a substituição do ministro.
Se isso acontecer, a idéia da cúpula do PMDB é não aceitar indicar mais ministros para compor o primeiro escalão de Lula, mantendo uma posição de independência política em relação ao Palácio do Planalto, votando a favor de projetos do governo que considerem relevantes para o País.
Apesar dessa posição, na prática o PMDB tem mandado sinais ao Palácio do Planalto que o que deseja mesmo é ampliar sua participação dentro do governo. Preservado Jucá, o PMDB gostaria de receber novas pastas (já tem Previdência e Comunicações). Mais: o partido quer receber espaço para poder ajudar na formulação das propostas de governo.
O que os pemedebistas reclamam é que até agora o PT tem imposto barreiras a uma maior participação do PMDB dentro do governo, não permitindo que o presidente Lula faça o que entende como governo de coalizão. Os pemedebistas acham que a saída de José Dirceu do comando da Casa Civil abre terreno para que o PMDB possa ter mais voz dentro do governo, sem o cordão de isolamento promovido pelo PT em torno do presidente.
As conversas entre os dirigentes do PMDB e do PT se intensificaram nas últimas horas para tentar montar essa ponte política entre os dois partidos. O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), tem sido os principais interlocutores do presidente com o PMDB. Ambos ouviram do PMDB as ponderações contra a saída de Jucá.
Um dos dirigentes do PMDB lembra que até agora o governo tem tratado o partido como "uma espécie de amante, que não aceita apresentar para a família". Segundo o comando do partido, esse tipo de relação não interessa mais à legenda. Por conta disso, acham que este é o momento para que o PMDB redefinina finalmente seu papel dentro do governo ou, então, seja liberado para tomar um rumo próprio.