Principal fiador da eleição do petista Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara, o PMDB vai cobrar a ‘fatura: cinco ministérios. O PMDB quer manter as pastas de Comunicações, Minas e Energia, Saúde e receber mais outras duas: Integração Nacional e Transportes. Juntas, estas pastas movimentarão R$ 70 bilhões em 2007.
O candidato mais forte para a Integração é o deputado Geddel Vieira (BA), neolulista que tem apoio do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). Mas há obstáculo: o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) exige que o governo mantenha seu apadrinhado Pedro Brito, hoje ministro interino.
Como Ciro apoiou a candidatura de Aldo Rebelo (PC do B-SP) para a presidência da Câmara, e ficaram fissuras, Lula busca se reaproximar. Uma solução é oferecer a Brito a presidência do Banco do Nordeste.
Geddel se irritou quando indagado se já é ministro. ‘Não sou ministro. Sou um deputado que quer ajudar o presidente Lula no Congresso. Esse negócio de ministério é só com uma pessoa, o presidente Lula. Vá perguntar pra ele’, afirmou.
A Saúde deve continuar nas mãos do PMDB. Falta definir se será tocada pelo atual ministro, Agenor Álvares, ou por José Temporão apadrinhado do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).
Em Minas e Energia está garantida a permanência de Silas Rondeau da cota do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), um dos políticos mais influentes junto a Lula.
As negociações com o PMDB alcançam até a disputa pela presidência do partido. A ala do atual presidente da sigla, Michel Temer (SP), quer a ajuda de Lula para enfrentar a outra facção, que tem à frente o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e Sarney. Se a negociação der certo, Nelson Jobim, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que sonhou presidir o PMDB, será sacrificado.
Para contra-atacar o PMDB, o PR (antigo PL) se prepara para brigar pelo seu quinhão, o Ministério dos Transportes. Se o PMDB está de olho nos Transportes, o PR avisa que, com a chegada de 10 novos deputados e do governador Blairo Maggi (MT), tornou-se mais forte na base aliada. E sugere que não ficaria mal receber mais uma pasta: a de Comunicações, que é do PMDB. Entre os partidos da coalizão, há expectativa de que Lula vai ouvi-los sobre a composição do ministério semana que vem.
Há especulação de que a reforma poderá até ser fatiada. Primeiro Lula resolveria casos urgentes, como o da saída do titular da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, anunciada para a semana que vem. Para o seu lugar, são candidatos Tarso Genro, ministro das Relações Institucionais, e Sepúlveda Pertence, ministro do Supremo Tribunal Federal. Tarso enfrenta resistências por ser do PT, mas se ele for para o lugar de Bastos, o mais forte candidato para seu lugar é o ex-governador do Acre Jorge Viana (PT).
Nos ministérios que o PT deve manter, existe a possibilidade de o ministro da Educação, Fernando Haddad, ser trocado pela ex-prefeita Marta Suplicy. O controle do Desenvolvimento Agrário é disputado por correntes internas do partido. Já a pasta da Defesa deverá continuar com o ministro Waldir Pires.