Como a decisão do PMDB de aprovar a participação no governo de coalizão não foi de consenso, apesar de apoiada pela grande maioria dos peemedebistas, o presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), mandou um recado ao Planalto, ao encerrar nesta quianta-feira (30) a reunião do Conselho Político. "Se houver desvio das propostas, o PMDB não terá compromisso com o governo", disse, acrescentando que o acerto foi feito em cima de programa "para dar ao País um salto de qualidade". Mas se os compromissos com o PMDB não forem honrados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Temer deixou claro que voltará a convocar o partido para nova discussão.

continua após a publicidade

O recado foi dirigido também aos setores do próprio PMDB que não concordam com o alinhamento do partido ao governo. Além do bloco de seis senadores que se declaram de oposição, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) anunciou que manterá sua posição de independência e condenou qualquer atitude do PMDB de participar do governo apenas para ser beneficiado com cargos. "O PMDB pode colaborar com cargos, mas não brigando por cargos e com um documento apenas de intenção. Mas com compromissos que incluem as reformas tributária, política, a ética e outros pontos indispensáveis para o País", disse.

Em seu discurso na reunião do Conselho Político, Pedro Simon, que antes tinha se reunido com o senador eleito Jarbas Vasconcelos (PE) – que ficará na oposição ao governo Lula – lembrou que, no primeiro mandato de Lula, o PMDB recebeu cargos no ministério, mas não teve nenhum poder de decisão nas pastas. Como senador independente, afirmou que não deixará de votar em favor do Brasil no plenário e conclamou o PMDB a obter um compromisso "sério" do presidente Lula. "O governo Lula deixou a desejar no campo da ética e da honestidade", afirmou, salientando que, além dessa mudança de comportamento, o governo precisaria encampar as reformas. "Se tudo isso for de mentirinha não vamos salvar governo nenhum", concluiu.

continua após a publicidade