O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), afirmou hoje à Agência Estado que o PMDB não pode se tornar um "partido assalariado" do Palácio do Planalto, que troca apoio político por cargos. "O partido não pode ser anulado em troca de cargos. Para que serve um partido sem projeto? Para fazer leasing de deputado?", questionou o peemedebista, ao deixar a reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que se realiza em Foz do Iguaçu (PR).
No seu discurso de abertura do evento, Requião fez duras críticas ao modelo econômico do governo Lula, que, segundo ele, apenas reproduz as políticas dos governos Collor e FHC. "Eu gosto do Lula, mas não gosto do modelo que ele segue", disse o governador, admitindo que, entre os peemedebistas como ele, que defendem um desembarque do governo, também há aqueles que pensam o contrário, ou seja, gostam do modelo mas não do presidente.
É o caso do presidente do partido, deputado Michel Temer, e de outros ex-apoiadores do governo tucano. "Quanto a mim, estou seguindo a minha linha antiga. Era contra a política do Fernando Henrique, e a política do Palocci é igual à do FH", diz Requião.
Segundo ele, manter os cargos no governo federal é "uma pequena compensação para não pensar, para não discutir, para se tornar um partido assalariado". O governador argumenta que não quer retirar o apoio do PMDB ao governo, mas apenas retirar os ministros do governo. Os outros dois governadores do PMDB no sul do Brasil – Germano Rigotto, no Rio Grande do Sul, e Luiz Henrique, em Santa Catarina – também possuem uma posição semelhante. Mesmo Luiz Henrique, que foi um grande aliado de Lula nas eleições de 2002, agora prefere a independência ao atrelamento ao Planalto. Na prática, isso deixaria o partido livre para lançar uma candidatura própria à Presidência em 2006. Entre os sulistas do PMDB, por exemplo, já há quem aposte numa candidatura de Rigotto para a Presidência.
Ex-líder do governo Fernando Henrique, o gaúcho começou seu mandato com um discurso de aliado federal, que na prática anulou a oposição do PT em seu território, e aos poucos começou a se tornar uma espécie de porta-voz dos governadores do Sul. Nos últimos meses, passou à ofensiva contra o governo federal por causa de pendências da reforma tributária, como o ressarcimento dos Estados exportadores.
