Dois dias depois de Odílio Balbinotti (PMDB-PR) ter desistido do Ministério da Agricultura, alvejado por denúncias, a cúpula do PMDB deverá indicar hoje o deputado Waldemir Moka (PMDB-MS) para o cargo. Em reunião com o comando do partido, no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai pedir, no entanto, ?mais cuidado? ao PMDB em suas indicações para a equipe.
?O jogo está zerado e quero montar um governo de coalizão, mas o PMDB não terá direito a um segundo acidente?, disse Lula ontem a um auxiliar. ?É preciso mais critério nas sugestões?, acrescentou.
Apesar de ser o preferido da cúpula e da bancada ruralista, Moka enfrenta resistências de uma ala do partido. No início da CPI das Sanguessugas, seu nome apareceu em uma das planilhas da família Vedoin, que chefiava o esquema da máfia das ambulâncias. O envolvimento não foi comprovado, mas parte do PMDB teme que o fato seja explorado pela mídia e o partido passe por novo desgaste.
Para essa ala, o ideal seria a nomeação do deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR), ex-ministro da Previdência no governo de Fernando Henrique Cardoso. No Planalto, porém, há mais restrições a Stephanes do que a Moka. Motivo: a ligação dele com Fernando Henrique.
Moka integra uma lista com cinco nomes, entregue a Lula na semana passada pelo presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP). Além dele e de Balbinotti, constavam da relação os deputados Tadeu Filippelli (DF), Eunício Oliveira (CE) e Fernando Diniz (MG). Reinhold Stephanes e Valdir Colatto (SC) sempre correram por fora. O ex-deputado Delfim Netto (SP) chegou a ouvir insinuações de que poderia ser indicado, mas as rejeitou.
?Nós teremos o cuidado de conversar com o presidente Lula sobre todos os nomes da lista, para que ele tenha ampla possibilidade de escolha?, disse Temer. ?Não há nada definido e o presidente fará consultas?, completou, negando a preferência por Moka.
Tanto Temer como o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), dizem que a situação de Moka é totalmente diferente da de Balbinotti. O ex-futuro ministro renunciou à indicação depois de ser revelado inquérito contra ele, no Supremo Tribunal Federal (STF), envolvendo falsificação de documentos para a rolagem de uma dívida bancária. Também foi constatado que era réu em outras ações no Paraná e seu patrimônio cresceu mais de 20 vezes em 5 anos.