As 60 famílias do Movimento Sem-Terra (MST) do acampamento Margarida Alves, em Nossa Senhora da Glória a 126 quilômetros de Aracaju, foram despejadas hoje (27) pela Polícia Militar, atendendo a uma liminar de reintegração e posse expedida pela Justiça sergipana. Mas o coordenador estadual do MST, João Daniel Samariva, acusa a polícia de ter agido ilegalmente, pois, segundo ele, não foi apresentada nenhuma ordem judicial.
O comandante da terceira companhia do Quarto Batalhão da PM, major Ianderson Maia, afirmou que cumpriu uma determinação judicial e as famílias já haviam sido avisadas há 15 dias de que teriam de desocupar a área. O major disse que mandou recolher os pertences das famílias e levar tudo para o batalhão, para entregar posteriormente à Justiça.
Segundo Samariva, as famílias vão resistir. "Tão logo a polícia saiu, todos voltaram para o local e estão cuidando dos 40 barracos que foram destruídos", disse Daniel. O major, por sua vez, contesta: "não derrubamos os barracos porque não tínhamos um trator. Mas faremos isso, porque a liminar manda que destruamos todos os barracos", avisou
De acordo com Samariva, no momento do despejo somente 20 dos 60 barracos estavam ocupados, pois as outras 40 famílias haviam saído do local. O acampamento já existe há três anos. O MST quer a desapropriação da Fazenda Espinheira, no povoado Mandacaru. O oficial que comandou a operação disse que a liminar foi concedida porque a fazenda é produtiva e, apesar de as famílias estarem acampadas na estrada, a todo instante entram na propriedade para buscar água e frutas, além de ameaçarem o funcionário que toma conta da fazenda.