São Paulo, 08 (AE) – Depois de 38 dias terminou hoje (08) de madrugada o seqüestro de um estudante, de 20 anos – a família pediu que a vítima não fosse identificada. Quando a polícia entrou no cativeiro, que ficava na Favela do Fiosão, Cidade Ademar, na zona sul, encontrou o rapaz nu, deitado numa cama, com as pernas amarradas com uma corda. Ele estava muito fraco e desmaiou quando chegava à delegacia. Durante todo o tempo no cativeiro, ele se alimentou apenas de bolacha, refrigerante e água. A polícia prendeu três dos seqüestradores.
O sargento Moisanieu Moreira, da Força Tática do 22º Batalhão contou que, por volta de 0h30, sua equipe fazia patrulhamento pela Rua Virgílio Gonçalves Leite. De repente, um homem suspeito foi visto, que depois se identificou como Jair dos Santos Nogueira, de 20 anos. Ao ver o carro policial, ele correu para a favela. Os PMs foram atrás dele.
O rapaz sacou um revólver calibre 38 e atirou na direção dos policiais. Eles revidaram. Perto do cativeiro, Nogueira reiniciou a troca de tiros, acompanhado de um cúmplice, que conseguiu fugir.
"Para achar o cativeiro, fomos nos guiando pelo latido de um cão", disse o sargento. O barraco tinha dois cômodos. O da frente estava vazio. O refém ficava no segundo. Ali havia apenas uma cama, três garrafas pet com refrigerante e água, dois pacotes de bolacha e uma lata grande óleo que servia de banheiro para a vítima. "Os seqüestradores deixavam o refém nu para evitar que ele fugisse", afirmou Moreira.
O estudante estava tão assustado que demorou a acreditar que era a polícia. Segundo o estudante, aquele era o terceiro barraco que passava. Quando os bandidos o transferiam, punham nele óculos escuros com fita adesiva por dentro das lentes. Ele contou também que uma refém também passou por esse cativeiro.
A família do estudante é libanesa e tem uma rede de lojas de R$ 1,99, no município de Diadema, Grande São Paulo. O seqüestro ocorreu no dia 1º de novembro. Três seqüestradores entraram na casa do jovem, quando pelo menos 50 parentes e amigos participavam de uma festa. Pegaram a apenas o rapaz.
Exigiram R$ 1 milhão para libertá-lo. No último contato feito teriam baixado o valor pela metade.
O caso foi registrado na Delegacia Seccional de Diadema. Ainda hoje, a polícia prendeu mais dois integrantes do grupo e continuava à procura de outros envolvidos no caso.