Pluralismo legítimo

A Igreja prepara o primeiro conclave do século XXI, a fim de eleger o sucessor de João Paulo II. Na bolsa de apostas – até aí ela está presente – o nome mais sugerido para o novo pontífice é João Paulo III.

Quadra propícia e de abundantes espaços para a veiculação do elaborado raciocínio dos vaticanistas, alguns deles bafejados pelo dote intelectual da sintonia finíssima com a milenar caminhada histórica da Igreja e, por extensão, com a maneira peculiar de Roma forjar e dar vida a sua estrutura de poder.

Um desses especialistas é Giovanni Avena, diretor editorial da agência católica de notícias Adista, cuja atenção volta-se à Igreja nos países em desenvolvimento. Da mesma forma que as exéquias de João Paulo II atraíram as atenções da mídia universal, também o processo de escolha do sucessor será precedido e acompanhado por intermináveis análises, conjeturas e prognósticos.

Avena é observador atento das reações do Vaticano e, por isso, suas declarações devem ser levadas na devida conta. Para ele, o cardeal brasileiro Cláudio Hummes deverá ter grande importância no conclave, pois ?é daqueles personagens que podem contribuir para tirar a capa de conformismo e silêncio que João Paulo II colocou sobre a Igreja Católica e abrir discussões importantes, sem censuras, e criar as condições de um pluralismo legítimo?.

Na verdade, a apreciação de Avena não difere dos comentários gerais da imprensa italiana sobre os nomes mais cotados para a sucessão. E nessa lista de candidatos a papa, dom Cláudio tem sido citação obrigatória. O vaticanista não esconde que o cardeal brasileiro é capaz de intuir os tempos e ?a necessidade de renovação e reabertura do diálogo, inclusive com a Teologia da Libertação?.

Pragmático, Avena vê nessa posição de dom Cláudio certa ambigüidade, porque ao nomear novos cardeais o papa fê-los jurar a não-reivindicação do sacerdócio feminino, a abolição do celibato, a reforma da cúria e um novo concílio.

?É possível que venham à tona os intuitos, inspirações e estratégias mais abertas, mais livres e liberadoras?, analisa. Estaria a Igreja pronta para dar esse passo?

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