O coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, Fernando Carvalho, afirmou hoje que o projeto de adaptação do navio-plataforma P-34 indica que havia superlotação no dia do acidente, quando 76 funcionários estavam a bordo da embarcação que adernou na Bacia de Campos.

De acordo com o sindicalista, o manual de operações do navio, transformado em 1997 para ter capacidade de processar e armazenar petróleo, previa a capacidade máxima de 40 pessoas.

A Petrobras informou hoje em nota oficial que a P-34 “está autorizada pelas autoridades competentes” a operar com lotação de até 80 pessoas. O gerente de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da empresa na Bacia de Campos, Agostinho da Mota Robalinho, também afirmou que a plataforma “está homologada para receber a tripulação que levava no dia do acidente”.

Advogados do sindicato informaram que a entidade ingressou ontem com uma representação no Ministério Público do Estado, solicitando a instauração de inquérito criminal para apurar a eventual responsabilidade da Petrobras com os crimes de exposição a perigo direto e iminente (Artigo 132 do Código Penal) e inutilização de material de salvamento (artigo 257 do Código Penal).

Segundo Carvalho, funcionários relataram que uma técnica de enfermagem que estava a bordo precisou ser empurrada da plataforma por colegas no domingo, porque estava com muito medo de se lançar ao mar em busca de salvamento. Petroleiros contam que 25 pessoas tiveram de nadar por cerca de 40 minutos até um rebocador próximo.

Carvalho também afirmou que a P-34 teria sofrido adernamento de 20 graus no dia 25 de dezembro de 1998, depois de uma deficiência na geração de energia. O sindicato já havia denunciado pane elétrica ocorrida na plataforma no dia 29 de maio, obrigando a tripulação a deixar a embarcação. “A plataforma tem um histórico de deficiência na geração de energia”, disse o sindicalista, que voltou a cobrar a participação de funcionários na comissão instaurada pela empresa para apurar as causas do acidente.

“É muito estranho que a Petrobras não permita nosso acompanhamento. Já enviamos dois ofícios que nem sequer foram respondidos. Agora, vamos à Justiça para tentar uma liminar que garanta a participação dos trabalhadores na investigação.”

 O sindicato também ingressou com uma ação civil pública na Justiça de Macaé para reivindicar que sejam feitas vistorias completas em todas as 39 plataformas da Petrobras na Bacia de Campos. De acordo com o sindicato, a perícia já foi determinada e deverá começar no mês que vem. “Hoje há uma priorização do lucro em detrimento da segurança”, afirmou Carvalho.

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