Rio (AE) – Batizada hoje (23) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a plataforma P-50 vai marcar a estréia da espanhola Repsol na produção de petróleo no País. A empresa tem 10% do campo de Albacora Leste, onde a embarcação vai operar, e ficará com 18 mil dos 189 mil barris de petróleo extraídos por dia no campo. A P-50 deve iniciar as operações no primeiro trimestre de 2006 e será fundamental para que o País mantenha a auto-suficiência na produção de petróleo.
Segundo o diretor de Exploração e Produção da estatal, Guilherme Estrella, o Brasil vai atingir a marca de 1,85 milhão de barris por dia no final de dezembro, enquanto o consumo está em 1,8 milhão de barris. Com a P-50, disse o executivo, a empresa terá condições de manter a produção acima do consumo mesmo com paradas programadas de manutenção em outras plataformas. A companhia estima terminar 2006 produzindo, em média, 1,910 milhão de barris por dia, volume 3,25% superior ao consumo de combustíveis estimado para o período. Outras quatro plataformas entram em operação no ano que vem, com capacidade total de até 200 mil barris por dia.
A P-50 será deslocada para o campo de Albacora Leste em meados de dezembro. Quando entrar em operação, será a maior plataforma de petróleo no País – a P-36, que naufragou na Bacia de Campos em 2001, também tinha capacidade para produzir 180 mil barris por dia. Com investimentos de US$ 660 milhões, o projeto protagonizou em 2002 o primeiro programa eleitoral do então candidato Lula, que foi ao estaleiro Verolme, em Angra dos Reis, gravar programa no qual reclamava da contratação da unidade no exterior.
O casco da plataforma foi convertido a partir do petroleiro Felipe Camarão, em Cingapura. O estaleiro Mauá-Jurong atuou apenas na montagem dos equipamentos no convés da embarcação, trabalho equivalente a 38% da encomenda, mas suficiente para criar 4,2 mil empregos diretos. Depois deste contrato, já sob a gestão petista, a Petrobras determinou que o conteúdo nacional das plataformas fosse elevado.
Repsol
O projeto de Albacora Leste foi incluído na troca de ativos entre Petrobras e Repsol, finalizada em 2002. Além da participação no campo, a operação garantiu à companhia espanhola uma fatia da Refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, e postos de combustíveis no País. Já a Petrobras ganhou postos e uma refinaria na Argentina. Estrella disse que a parcela da produção do campo pertencente à Repsol pode ser comprada pela estatal.
Petrobras e Repsol caminham para um novo acordo de negócios no Cone Sul. As discussões giram em torno do campo gigante de gás de Mexilhão, na Bacia de Santos, mas devem incluir novos projetos em países vizinhos. "Temos negócios em comum em outros países. É melhor englobar tudo (nas negociações)", disse o presidente da Repsol no Brasil, João Carlos de Luca. Segundo ele, as conversas devem ser concluídas em 30 dias.
