PL contra Palocci

Aumenta o exército de críticos e a bateria de críticas contra o ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Esse exército sempre foi constituído mais de gente do governo do que de oposicionistas. E o motivo é fácil de compreender. O ministro da Fazenda de Lula segue uma política ultra-ortodoxa, que até parece a de Malan, olhada com lente de aumento. Nada do que dele esperavam os petistas e próximos, que era uma moratória ou, pelo menos, um relacionamento de cara feia com o Fundo Monetário Internacional e com os credores externos, na prática traduzido por uma redução dos superávits primários, reservas para ir pagando a dívida externa. Pelo contrário, Palocci aumentou os superávits e busca as melhores relações com o FMI, renovando acordos após acordos e mostrando um Brasil obediente, comportado, confiável.

Palocci é médico e não economista. Foi deputado federal e era prefeito municipal de Ribeirão Preto e não autoridade na área econômico-financeira. Mas surpreendeu ao demonstrar tanto conhecimento de economia. Diríamos melhor, de finanças, pois usando todo o dinheiro que economiza para pagar juros nada sobra para investir na economia do País. Assim, em matéria de gestão econômica, ainda está por ser testado. Enquanto as críticas partiam do segmento ortodoxo, pouco obediente, dos petistas e circundantes, tudo parecia contornável. Mas, pouco a pouco, foram surgindo as vozes discordantes dentro das próprias hostes situacionistas obedientes. Primeiro foram Heloísa Helena e seus companheiros, contrários às reformas da maneira como propostas e aprovadas e, por isso, expulsos do PT. Depois, surgiram críticas à política econômico-financeira dentro do núcleo obediente, incluindo o presidente do PT, José Genoino, exatamente quem mais se esforçou para expulsar os petistas ortodoxos.

Agora, a crítica é feita publicamente pelo presidente do PL, Waldemar Costa Neto, que defendeu a saída do ministro da Fazenda dentro do próprio Palácio do Planalto, na cerimônia de posse do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, indicado pelo seu partido. “O ministro Palocci – disse – não tem condições de tocar a economia do Brasil e já provou isso durante um ano e meio.” Palocci não entende de economia e levou o Brasil ao pior dos mundos: crescimento negativo com aumento da dívida.

Acrescentou: “O Lula fez um esforço brutal para ter R$ 70 bilhões de superávit, conseguiu, mas a dívida aumentou R$ 80 bilhões. Não pode”. O presidente liberal considerou inaceitável gastar R$ 150 bilhões e investir apenas R$ 4 bilhões. “Não há país que resista a isso”, sentenciou. Costa Neto, como o seu correligionário José Alencar, vice de Lula, defende a redução da taxa de juros e acredita que o fato de ter sido mantida alta levou o Brasil para o buraco. Ele não se limitou em criticar o ministro da Fazenda, estendendo seu verbo contra o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Para ele, nenhum dos dois, nem Palocci nem Meirelles, têm condições de ficar no governo.

Não obstante, insistiu que o PL apóia Lula e considera que, dentro do próprio PT, existem homens competentes para tocar o setor econômico. Mas, para arrematar, disse que quem conhece economia é o vice-presidente da República, José de Alencar, que é do PL.Na verdade, os desentendimentos que o presidente do PL evidenciou e José Alencar já vinha provocando, são resultado de uma mistura de água com azeite, tentada com a coligação entre os petistas e os liberais. Impossível!

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