Apesar de a Aeronáutica garantir que o sistema de monitoramento de tráfego aéreo operou corretamente na sexta-feira, pilotos da Gol ouvidos ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo disseram que a tripulação do vôo 1907 foi vítima de falha de comunicação entre os controles de vôo de Brasília, área do Cindacta-1, e de Manaus, setor do Cindacta-4. Quatro deles afirmaram que o Cindacta-1 deveria ter alertado o Boeing que o jato Legacy não respondia a alertas pelo rádio. Mas fontes da Aeronáutica justificaram a atitude dos operadores afirmando que, ao menos no radar, o Legacy e o Boeing estavam em altitudes diferentes.

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?Os meninos do Boeing estavam voando certinhos, mas deveriam ter sido avisados pelo comando de Manaus?, disse um piloto da Gol, que pediu anonimato. Outro piloto afirmou que o comando de Brasília também poderia ter acionado a tripulação do Gol por um sistema de emergência de rádio em alta freqüência, chamado SelCal. ?Seria outra chance para a tripulação saber que algo de errado acontecia na sua aerovia.

Um diretor da Agência Nacional de Avião Civil (Anac) revelou que quando algum avião fica sem comunicação com a torre de comando e está com um problema que interfere na sua localização, é necessário ?tirar todo mundo de perto?.

Essa atitude, explicaram oficiais da Aeronáutica, só se justificaria se os radares conseguissem identificar a posição exata do avião sem comunicação. No caso do Legacy, como o transponder estava desligado naquele momento, não era possível registrar a altitude com precisão. Nos radares do controle de tráfego aéreo, a posição do jato executivo variava, mas sempre abaixo da rota do Boeing.

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Segundo esses oficiais, o piloto da Gol não foi avisado que havia um jato em rota de colisão justamente por causa dessa leitura dos radares. Além disso, os controladores pressupõem que as regras são cumpridas pelos pilotos e o Legacy estava a cerca de 36 mil pés, como indicavam os radares e como previa o plano de vôo feito pelo seu comandante.

O plano original do jato – que decolou em São José dos Campos e seguia para Manaus – previa que ele fizesse o trecho até Brasília a 37 mil pés de altitude, em uma aerovia de sentido único. Ao chegar à capital federal, haveria uma mudança de rumo e o Legacy seguiria por outra aerovia, de mão dupla.

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Para isso, deveria mudar para uma altitude par (36 mil pés, no caso) e avisar o controle em Brasília, para receber a autorização para esse procedimento. Como o plano de vôo não foi respeitado, começou a tentativa de comunicação com a tripulação.

Outra explicação para o fato de o Boeing não ter sido avisado é a de que só se altera em último caso a rota de um vôo regular. Essa medida poderia provocar outras situações de risco de colisões.