O avião do piloto que ajudou o jato Legacy a pousar na base da Serra do Cachimbo voava na mesma rota do avião da Gol. Ele foi o primeiro a receber o pedido de ajuda do jato executivo, de acordo com a Rede Record. Alexander Cortez vinha de Miami para São Paulo e não acredita que o Legacy tenha causado a queda do Boeing. Após a colisão, foi ele quem ajudou o piloto do Legacy a pousar em segurança na pista no meio da mata. Ele ouviu o pedido de socorro feito em inglês, que aconteceu quatro minutos após o jato se chocar com o Boeing.
"Escutamos na freqüência de emergência o Legacy pedindo ajuda. Falou novembro, 600 tree Lima, declara uma emergência. Ele (o piloto do jato) sabia de um aeroporto, mas não sabia o nome e não tinha o contato das freqüências do Cachimbo para pousar", explicou.
Os pilotos do Legacy não conseguiram contato com a torre de controle, de acordo com ele. Sem informações exatas sobre o aeroporto, os ocupantes do pequeno avião poderiam cair no meio da floresta. Na cabine do Boeing, Alexander fez o pedido de socorro. "Declarei que era emergência, falei poller 71. Tem uma emergência. Finalmente consegui, através de outra aeronave, um avião brasileiro, que escutou que estava passando a emergência, e falei que a emergência era nossa".
Alexander conseguiu colocar o piloto do Legacy em contato com a torre de controle. Mas o piloto do jato, Joseph Lepore, e o controlador de vôo não conseguiram se entender. Um não falava português e o outro não falava inglês. "Eles esqueceram de perguntar quantos metros tem a pista. Eu lembrei para eles: pergunta para ele quantos metros tem a pista. Ele perguntou mas o controlador do Cachimbo não conseguia entender. Eu entrei na conversa falando português para o controlador que ele estava perguntando quantos metros tinha a pista.
O Legacy conseguiu pousar em segurança. Só depois Alexander ficou sabendo da tragédia. Ele estranhou não ter recebido nenhum pedido de ajuda do Boeing da Gol e criticou o sistema de comunicação aérea do Brasil. "No centro de Manaus tem bastante eco na freqüência, tem estática, é difícil compreender o que os controladores estão passando. Tem situações que tem que perguntar três, quatro vezes o que eles estão falando para compreender a autorização. Tem muito ruído".
Ele foi intimado pelo governo americano para contar o que ouviu nos minutos tensos após a colisão dos aviões, mas não foi ouvido por nenhuma autoridade brasileira. Ele diz que está à disposição para falar e espera poder ajudar a esclarecer a tragédia do vôo 1907. "É estranho que um jatinho tão pequeno como o Legacy vai chocar e fazer o Boeing cair. Não dá. Algo está errado. As caixas-pretas do Boeing, as pesquisas do governo brasileiro e americano vão dar as respostas".
