Pela primeira vez depois de oito trimestres consecutivos de crescimento, o Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas produzida no País, deverá cair meio ponto percentual em relação ao trimestre anterior, segundo estimativas de consultores privados. A persistir a retração no comportamento da economia, o crescimento real do PIB em 2005 será inferior a 3%.

continua após a publicidade

O governo trabalha com a previsão de crescimento da ordem de 3,4%, cabendo ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dirimir as dúvidas ao fazer o anúncio dos resultados da economia no próximo dia 30.

A primeira queda do indicador econômico mais importante do País passou a ser encarada como sinal negativo do exagero das medidas draconianas impostas pelo Ministério da Fazenda e Banco Central, em obediência à visão ortodoxa do ministro Antônio Palocci. Algumas figuras da Esplanada declaram – sob severo anonimato – que as doses do remédio foram exageradas e o doente piorou.

Mesmo a recente redução da taxa Selic para 18,5% ao ano depois de ter chegado a 19,75% e se mantido no patamar por quatro meses, foi recebida pelo mercado como medida de pouquíssimo alcance para a recomposição reclamada pelos setores produtivos. Os juros altíssimos tornaram remota a possibilidade de investimentos e a indústria cortou o embalo da produção.

continua após a publicidade

Como o ministro Palocci vive momento assaz complicado em sua trajetória, o recuo do crescimento do PIB decerto trar-lhe-á novos obstáculos, tornando mais intensas as especulações sobre sua saída iminente do ministério.

O presidente Lula tem reiterado que a participação de Palocci no governo é assunto liquidado, embora a realidade econômica ascendente de países muito parecidos com o o nosso seja uma pedra no sapato do chefe do governo.

continua após a publicidade

Não são poucos os que aproveitam para soprar no ouvido presidencial que o Brasil poderia ter crescido na mesma medida, caso a inflexibilidade da equipe econômica fosse limitada ao extremo da necessidade.

Será difícil justificar o crescimento da dívida líquida do setor público em relação ao PIB quando – a todo momento – Palocci bradava o contrário. Como se percebe, não há céu de brigadeiro para os vôos do ex-prefeito.