Uma estimativa divulgada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) indica a queda de 1,91% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio neste ano. O PIB do setor deve fechar o ano em R$ 527,38 bilhões, uma perda de R$ 10,25 bilhões em relação ao resultado do ano passado, de R$ 537,63 bilhões.
A desaceleração das atividades do agronegócio em quase 2% do PIB confirma as previsões de menor crescimento econômico este ano, abaixo, portanto, dos 4% projetados pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, e pelo Banco Central. A CNA estima que a agricultura e pecuária responderão por uma retração de 0,4% no PIB nacional, explicou o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta. "A economia brasileira crescerá menos neste ano devido à crise do setor rural. Não fosse o resultado negativo do agronegócio, o Brasil poderia ter crescimento de 3,8%", afirma Cotta.
O Banco Central mantém a previsão de um crescimento de 4% na produção de bens e serviços no País, enquanto as instituições consultadas semanalmente pelo BC já reviram suas projeções e consideram uma atividade econômica de 3,53% no final de dezembro.
A retração nas atividades do setor implicará nova revisão da participação do PIB do agronegócio no PIB nacional. Segundo o superintendente da CNA, em 2003 essa participação era de 30,51%, mas este ano deverá cair para 26,44%.
"Essa é a menor participação desde 1994, quando o estudo começou a ser feito", afirmou. O PIB do setor agropecuário (agricultura e pecuária) somará R$ 146,94 bilhões em 2006, valor que representa 7,4% do PIB do País, estimado pelo BC em R$ 1,994 trilhão, segundo Cotta. "Até 2005, essa participação era de 8%", completou.
Para todos os segmentos do agronegócio, a expectativa é de redução do PIB em 2006. O PIB da agricultura deve somar R$ 81,95 bilhões neste ano, uma queda de 3,81% em relação ao valor de R$ 85,20 bilhões em 2005.
Para a pecuária, as estimativas são de PIB de R$ 64,99 bilhões em 2006, ante R$ 67,84 bilhões no ano passado, um recuo de 4 21%. As estimativas, feitas pela CNA em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea-USP), foram calculadas com base em dados acumulados de janeiro a maio.
Com base nesses dados, Cotta lembrou que houve queda de 2,68% no PIB do setor de insumos, o que, segundo ele, é um sinal de queda na demanda por produtos "antes da porteira", ou seja, máquinas e insumos agrícolas.
"Para o setor de indústrias, houve alta de 0,41% no período, mas a nossa expectativa é que a crise no campo atinja os setores que vêm antes e depois da porteira", completou.