A indústria vai crescer mais do que o esperado este ano. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reviu de 4,5% para 5% a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria em 2005, puxado pela perspectiva de queda na taxa de juros a partir de setembro e pelo bom desempenho do setor exportador.
"Esse resultado (5%) já será surpreendentemente bom por tudo o que aconteceu este ano", afirmou o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto. Por causa do desempenho positivo da indústria, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) também vai refazer para cima suas contas sobre o desempenho do PIB nacional neste ano.
Monteiro Neto afirmou que, embora a demanda interna não seja muito forte, a queda da inflação trouxe ganhos de renda ao trabalhador, o que, combinado com a expansão do crédito consignado, sustentou a demanda por bens de consumo. Monteiro Neto disse ainda que seria uma "decepção, e até injustificado" se o Copom não iniciar a trajetória de queda de juros já em setembro. Ele acredita que há espaço para que a Selic feche o ano em torno de 17% e 17,5%.
Atualmente, o Ipea projeta um crescimento de 2,8%, bem abaixo dos 3,4% estimados pelo Banco Central e ainda mais modesto que as estimativas de 4% que já circulam entre os integrantes mais otimistas do governo.
Nesta terça-feira, na cerimônia de lançamento do livro "Brasil – o Estado de uma Nação", publicado pelo Ipea, o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, disse que, apesar de o País viver uma crise política "devastadora", as instituições estão funcionando com plena vitalidade e a economia segue trabalhando de forma absolutamente normal.
Para ele, é isso que deve levar o Brasil a ter "um excelente resultado de crescimento econômico neste ano" e motivar o Ipea a revisar o desempenho previsto para o País.
Segundo o ministro, os números do PIB referentes ao segundo trimestre desse ano, que serão divulgados amanhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), devem sustentar a revisão das estimativas. O presidente do Ipea, Glauco Arbix, admitiu que deve ocorrer a revisão para cima da estimativa de crescimento para a economia brasileira, embora tenha destacado que ainda não há nenhum número, nem mesmo preliminar, que possa ser informado.
O grupo de acompanhamento de conjuntura do Ipea, que faz as previsões, vai apresentar as mudanças no próximo dia 9, no Rio de Janeiro. Arbix contou que a previsão do Ipea, abaixo dos 3,4% estimados oficialmente pelo Banco Central e o Ministério do Planejamento, já foi motivo para o instituto "levar uns puxões de orelha". Ele só não contou quem deu a bronca. (colaborou: Adriana Fernandes)