O PIB de crimes do Brasil é dos maiores do mundo. Conta que se faz para medir a riqueza dos países, se pensarmos em um PIB de crimes, seremos campeões mundiais ou, no mínimo, vices. Exemplo gritante é o escândalo dos sanguessugas que estourou neste governo, mas teve antecedentes iguais ou similares em administrações anteriores. Como no caso dos anões do orçamento, elucidado, mas em que ninguém foi punido e quem roubou embolsou o dinheiro, o dos sanguessugas envolve deputados federais, senadores, servidores públicos e quase novecentos prefeitos. Também ministros de Estado, particulares e assessores; enfim, uma gigantesca quadrilha roubando milhões do erário. E no comando geral, como chefe da máfia, uma empresa, a Planam, certamente constituída com o propósito único de bolar, manipular e fazer as negociatas.

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O resumo da ópera é simples: uma empresa promovia negócios com congressistas para que estes incluíssem no orçamento federal verbas para compra de ambulâncias para prefeituras municipais. Eram envolvidas gente do governo, principalmente do Ministério da Saúde, prefeituras, além de outras entidades, dentre elas ONGs, que receberiam as ambulâncias. Liberado o dinheiro, a máfia fazia a divisão. Parte para a empresa, parte para os deputados e senadores, parte para os prefeitos e parte para funcionários. Quanto para cada um, ainda não se sabe. Nem se sabe ao certo quem é culpado, quem é suspeito com provas já levantadas e quem é suspeito ainda sem provas cabais. E oxalá existam alguns inocentes, que, por alguma razão, estejam sendo indevidamente citados no meio de toda a bafarunda. O dolo enojante está no fato de que tudo era feito para compra de ambulâncias necessárias, outras não necessárias e todas superfaturadas. Importante era ganhar dinheiro com a doença de milhões de brasileiros.

A primeira lista dos envolvidos, divulgada pela CPMI dos Sanguessugas com o beneplácito, mas não a autorização, do Supremo Tribunal Federal, devido ao segredo de Justiça em que correm as investigações e os processos, revela nomes de 57 deputados federais já notificados. Apareceu também um senador, ainda não notificado. Essa lista está crescendo, pois surgiram nomes de mais 33 parlamentares, sendo não só um, mas três senadores. Um ex-ministro de Lula suspeito, arrumou companhia. Agora surge o nome de um outro ministro da Saúde. Ao todo, já se fala em 105 parlamentares. Fazendo os ?noves fora?, um ou outro acabará provando a sua inocência ou sendo absolvido por falta de provas. Ou numa festa de ?pizza?, como em geral acabam esses casos que envolvem colarinhos brancos.

Tudo parece se arrastar de forma a que o eleitorado não tenha antes do pleito de outubro tempo para saber quem de fato é culpado e quem é inocente. E, assim, os bandidos poderão conquistar um novo mandato. Uma observação é importante: de todos os políticos apontados, a esmagadora maioria é do baixo clero, ou seja, parlamentares que em geral o povo brasileiro nem conhece. Também que a maioria é de parlamentares situacionistas, embora existam de todos os partidos. E, para nosso consolo, um só do Paraná.

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