PFL vai processar deputados que votaram em mínimo de R$ 260

Brasília, 03 (AE) – A Executiva Nacional do PFL decidiu hoje abrir processo para punir os deputados mineiros Cleuber Carneiro e Lael Varella, que votaram contra a proposta do partido de fixar em 275 reais o valor do salário mínimo. A iniciativa do PFL é inusitada, uma vez que nunca houve punição de parlamentares que não seguiram a orientação da direção do partido. A punição vai desde a advertência até a expulsão do partido.

“Eu sou deputado de cinco mandatos pelo PFL e o partido sempre defendeu um salário mínimo baixo porque não tinha de onde tirar. Não vou fazer demagogia agora com o dinheiro do povo”, afirmou Varella, ao justificar seu voto a favor do governo.

“Votei a favor dos 260 reais porque os argumentos do governo me satisfizeram. Fiquei convencido de que o Tesouro é incapaz de arcar com um aumento maior para o mínimo. Além disso, existe o problema dos pequenos municípios, que não tem capacidade para dar um grande reajuste para o mínimo”, argumentou Carneiro.

Tanto ele quanto Varella se mostraram despreocupados com a decisão da executiva de abrir processo para puni-los. “Esse rigorismo e esse purismo nunca foram a tônica do PFL”, observou Carneiro. “Não estou preocupado. Estou cheio de partidos me querendo”, afirmou Varella.

Os dois pefelistas também negaram que o governo tenha liberado as emendas ao Orçamento em troca dos votos a favor dos 260 reais. “Não fiz nenhum trato com o governo e não tive nenhuma emenda liberada por causa da votação”, garantiu Carneiro.

“Não tive emenda liberada. Até agora, só liberaram metade do que prometeram e foi uma porcaria”, reclamou Varella. Ele disse que o governo prometeu liberar R$ 1,5 milhão das emendas de parlamentares ao Orçamento e que, em seu caso, foram liberados até agora R$ 750 mil. “Os ministros estão dizendo que não tem como pagar as emenda e eu como empresário sei que é difícil”, observou.

O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), defendeu a suspensão por três meses dos dois deputados. “Se não houver punição exemplar, não adiantará mais fechar questão na votação de projetos e isso seria uma sinalização ruim”, afirmou o líder, ressaltando que, o parecer sobre o processo disciplinar aberto pela Executiva Nacional do PFL deve estabelecer as regras para casos de rebeldia.

Já o líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), quer uma posição mais dura para os dois parlamentares e, nos bastidores, defende até a expulsão. A decisão deverá ser tomada na terça-feira (08), durante reunião da Executiva Nacional. O caso deverá ser relatado por um senador.

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