O PFL decidiu rejeitar integralmente a Medida Provisória 232 e fechar questão contra essa MP, baixando uma resolução prevendo punições rigorosas, não só para os parlamentares de sua bancada que desobedecerem a orientação partidária, votando a favor da medida, como também para aqueles que se abstiverem de votar ou faltarem à sessão de votação da MP.
Em reunião de sua executiva nacional, o PFL decidiu, também, pedir urgência para projetos de autoria dos senadores Jefferson Peres (PDT-AM) e Antero Paes de Barros (PSDB-MT), em tramitação do Senado, que propõe a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) entre 17% e 18%. A MP232 a corrigiu em apenas 10% e, para compensar esse índice, instituiu aumentos da carga tributária, sobretudo no setor de serviços.
O presidente interino do PFL e prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, disse que o governo deveria retirar a MP232 de tramitação e negociar urgentemente a aprovação das Reformas Fiscal e Tributária. "O governo precisa ter humildade e retirar a MP", afirmou Maia.
Ele elogiou a parte da entrevista do novo presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), em que este se posicionou contra a MP232 e a favor da Reforma Tributária. "Fiquei positivamente impactado como ele tratou da Reforma Tributária", afirmou Maia. Segundo ele, a atual carga tributária vigente no País "é insuportável".
Numa crítica ao secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, que falou que não era possível mexer na MP, Maia disse que Rachid não entende de macroeconomia e "mostra que é um bom cobrador de impostos, e daí deriva a palavra impostor".
"Se o governo quiser avanços, ele pode fazer do limão uma limonada, pois a sociedade já rejeitou o aumento dos tributos", afirmou Maia, referindo-se à derrota do governo na eleição para a Mesa Diretora da Câmara.
Nas críticas que fez ao governo, Maia disse que a administração Lula "vai mal, sobretudo do ponto de vista administrativo". "O ministro Dirceu (José Dirceu, da Casa Civil) nunca geriu um botequim", afirmou. "O governo não tem gente capacitada na administ ração", acrescentou Maia, segundo o qual ainda é prematuro fazer uma avaliação do que realmente aconteceu na Câmara.
Ele considera "uma digestão simplista" falar que a vitória de Severino Cavalcanti teria sido uma vitória do baixo clero. César Maia acha que é preciso o governo ter uma agenda negociada com o Legislativo como saída para a crise política que tomou conta dele.