A semelhança entre os esquemas de venda de sentença descobertos nas operações Hurricane (furacão, em inglês), desencadeada na sexta-feira, 13, e Têmis, que aconteceu na sexta-feira, 20, levará a Polícia Federal a fazer um cruzamento dos dados apurados nas duas investigações.
O cruzamento de dados pretende verificar possíveis ligações entre os esquemas de São Paulo e do Rio de Janeiro, com ramificações em outros Estados.
Desde a Operação Anaconda, em 2003, a PF desenvolveu uma tecnologia para investigação desse tipo de crime, com um banco de dados de assuntos correlatos. A Anaconda também investigou um esquema de negociação entre juízes, advogados e criminosos condenados.
Ao contrário da Operação Hurricane, na qual os 25 presos e o material apreendido foram levados para Brasília, a Operação Têmis ficará concentrada em São Paulo.
A superintendência da PF em Brasília esclareceu que a ação paulista é "autônoma e independente" e "não se trata de uma segunda etapa da Operação Furacão".
Na Hurricane, foram apreendidos 151 carros de luxo, anéis, pulseiras e correntes de ouro, dezenas de relógios de marcas luxuosas, cheques e dinheiro em espécie – e até um veleiro de 41 pés batizado de "Bandida".
Entre os presos, estão os bicheiros Aniz Abraão Davi, o Anísio, presidente de honra da escola de samba carioca Beija-Flor, e Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, além de Virgílio Medina, irmão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STF), Paulo Medina, que pediu licença médica.
As duas operações levaram a esquemas de venda de sentenças para beneficiar donos de bingos e outros empreendimentos de jogos, muitos deles explorados por bicheiros.
No caso da Operação Furacão, além de as evidências levarem à suspeita de um pagamento regular a juízes, as investigações levam também ao envolvimento de deputados federais e estaduais.
Gravações feitas com autorização judicial revelam negociações de políticos com bicheiros e o esforço de parlamentares em favor da legalização do jogo.