Curitiba (AE) – A Polícia Federal (PF) prendeu hoje, em Curitiba, o advogado Roberto Bertholdo, conhecido por defender políticos, entre eles, o líder do PP na Câmara dos Deputados, José Janene (PP-PR), e o ex-deputado José Borba (PMDB-PR). Bertholdo é acusado de ter feito escuta clandestina em telefones da 2.ª Vara Criminal Federal da capital paranaense, especializada em lavagem de dinheiro.

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A escuta foi realizada nos telefones do juiz Sérgio Fernando Moro, entre dezembro de 2003 e maio de 2004. A denúncia também inclui tráfico de influência e lavagem de dinheiro.

O advogado foi preso pela manhã em sua residência na cidade. A PF também cumpriu nove mandados de busca e apreensão em casas e escritórios do município, além de Brasília e um flat em São Paulo. De acordo com a PF, foram encontrados microcâmeras e outros aparelhos para filmagens, vários telefones celulares, detectores de rádio-freqüência, carros importados e cerca de R$ 200 mil.

A Justiça Federal não informou quem eram os beneficiários do suposto tráfico de influência de Bertholdo. "Ele tentava algumas compras até de sentenças", disse o superintendente da PF no Paraná, Jaber Saadi. Segundo Saadi, as investigações preliminares apontam lavagem de pelo menos R$ 600 mil. Ele acentuou que não há envolvimento de clientes do advogado nessa acusação. "A investigação é contra ele e não contra os clientes dele", ressaltou.

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Bertholdo responde a outros processos em Curitiba. Num deles, na Justiça Estadual, foi acusado pelo ex-sócio Sérgio Renato Costa de tê-lo espancado. Por causa dessa ação, teve um decreto de prisão, mas foi beneficiado por habeas-corpus enquanto estava foragido. O advogado que o defende na Justiça Federal, Ivan Xavier Vianna Filho, disse hoje à tarde que ainda não tivera acesso ao processo para saber do que se tratava.

Informado das acusações feitas pela polícia, refutou-as. "Não sei, absolutamente, nada a respeito de fatos, comportamentos, documentos ou provas com base nos quais se possa inferir a prática de qualquer ato que se identifique com tráfico de influência ou quaisquer outros ilícitos", afirmou. Segundo Vianna Filho, entre as medidas que podem ser tomadas, está um pedido de habeas-corpus. A prisão foi decretada pelo juiz substituto da 2.ª Vara Criminal Federal, Gueverson Rogério Farias.

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