PF pedirá ao STF quebra de sigilo bancário e telefônico de Buani

Brasília (AE) – A Polícia Federal (PF) pedirá ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra do sigilo bancário e telefônico do empresário Sebastião Buani para saber se existe o cheque de R$ 7.500,00 que ele alega ter dado ao presidente da Câmara, Severino Cavalcante (PP-PE), a título de propina. Como os advogados de Buani ligavam a todo instante para dizer que o cheque estava em mãos, o delegado Sérgio Menezes, encarregado do inquérito, ficou de prontidão hoje à espera do documento, mas até as 20 horas nada foi entregue.

A cópia microfilmada do cheque é a prova material mais contundente esperada pela PF para instruir o inquérito e também pelo Congresso, que analisa o pedido de cassação de Severino. Ele é acusado de ter recebido um "mensalinho", em 2002 e 2003, quando era primeiro secretário da Câmara, para prorrogar por três anos o contrato de exploração dos restaurantes da Casa em favor de Buani. A soma das propinas teria atingido a cifra de R$ 128 mil e a primeira parcela, de R$ 40 mil, teria sido paga em 4 de abril de 2002.

Buani diz que foi extorquido por Severino, mas o presidente da Câmara alega que, ao contrário, ele é que foi achacado pelo empresário. A questão, para Menezes, é que os dois lados se sustentam no testemunho de amigos ou empregados de confiança, prova considerada frágil em investigação criminal. Depuseram em favor de Buani os três garçons e o ex-gerente do restaurante Izeílton Carvalho. Em favor da versão de Severino, falaram as secretárias do gabinete e o assessor jurídico da Câmara, Marcos Vasconcelos.

Para o delegado, a quebra de sigilo em busca de provas materiais é necessária para demonstrar quem mente. Como Severino agora, formalmente, acusado, tem direito a foro privilegiado, o pedido tem de ser feito ao STF. Menezes tem até dia 4 para concluir o inquérito. Caso se confirme o recebimento de propina pelo presidente da Câmara, será pedida também a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico dele.

O Instituto Nacional de Criminalística (INC) conclui até quinta-feira (15) a perícia do documento em que Severino prorroga a concessão do restaurante de Buani. Ontem (12), Buani levou o extrato bancário com o saque de R$ 40 mil que alega ter pago de sinal a Severino, em 4 de abril de 2002. A dificuldade é que o documento é uma cópia porque o original desapareceu. "O sumiço do original pode significar a tentativa de criar um ardil só não sei por qual lado", disse Menezes.

Caso se confirme o recebimento de propina, Severino será processado por corrupção passiva e concussão (extorsão praticada por servidor público), segundo informou o delegado.

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