A Polícia Federal em Pernambuco investiga denúncias de desvio de verbas por lideranças das tribos Pancararu, Fulniô e Cambiuá. O esquema teria participação de servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) e comerciantes – donos de lojas de materiais de construção, mercadinhos e oficinas mecânicas. As fraudes, de 1998 a 2003, teriam promovido um desvio de cerca de R$ 1 milhão do Orçamento Geral da União (OGU).
Vinte e três inquéritos, abertos em 20 de abril, foram instaurados, de acordo com a PF-PE, para apurar as denúncias. A PF constatou superfaturamento de materiais de construção e emissão de notas frias e iniciou as investigações a partir de denúncias da Funai em Brasília. Em junho de 2004 agentes da PF e auditores da Funai foram a campo, visitando áreas das tribos Fulniô, Pancararu e Cambiuá nos municípios de Águas Belas, Tacaratu, Parnamirim e Petrolina, no sertão pernambucano.
O delegado federal Delano Cerqueira Bunn, que instaurou os inquéritos, está em Roraima, com retorno previsto para o dia 15. Por isso, a PF preferiu não divulgar detalhes. O chefe de comunicação do órgão, Manoel Caetano Cysneiros, acredita, porém, que este é só o começo da apuração e novos inquéritos devem ser abertos.
Citados no relatório da Funai em Brasília, o pancararu Jurandir Manoel Freire, o Zé Índio, e a cambiuá Maria Luciene, foram hoje à sede da Funai no Recife e se declararam inocentes. "Não conheço nenhuma etnia beneficiada", disse Zé Índio. "Somos duas vítimas", complementou Maria Luciene. "Se existe desvio não é só nestas três tribos, é em todas."
O administrador da Funai em Pernambuco, Manoel Barros, assumiu o cargo no ano passado e disse não ter em mãos o relatório do órgão que aponta as irregularidades.