O crime ambiental é a terceira atividade ilícita que mais movimenta recursos financeiros no mundo. A afirmação foi feita pelo delegado Jorge Barbosa Pontes, chefe da Divisão de Crimes Ambientais da Polícia Federal. Segundo ele, as riquezas naturais do Brasil tornam o país vítima desse tipo de atividade. Para combater com mais força o crime, policiais federais estão participando em Brasília de curso de aperfeiçoamento.
Durante 12 dias, 27 delegados federais vão receber treinamento para enfrentar o crime ambiental. O curso está sendo ministrado por representantes do Serviço de Pesca e Vida Selvagem do Departamento do Interior dos Estados Unidos. "Teremos matérias como infiltração, ações encobertas, táticas de abordagem a informantes, vigilância de campo", disse Pontes.
De acordo com o delegado Pontes, os criminosos estão trabalhando atualmente de maneira organizada, e os lucros são altos. Além disso, as penas são baixas, o que, segundo ele, torna o crime convidativo. "Temos que melhorar esse ponto de vista da penalização", disse o delegado. "Hoje em dia, a equipe investiga. Passa, às vezes, meses investigando um biopirata. O sujeito é levado para delegacia e fica uma hora e meia, duas horas. É liberado, tem sua carga liberada e nem o inquérito é instaurado. Não se pode prender, porque o tráfico de animais é considerado um crime de menor potencial ofensivo", explicou.
O crime ambiental ocorre em todo o país, com maior incidência na Amazônia, principalmente no chamado Arco do Desmatamento, que passa pelo Acre, norte de Mato Grosso, Rondônia e sul do Pará.
A Polícia Federal continuará sendo capacitada para enfrentar o crime. De acordo com o delegado Pontes, ao longo do ano, será realizado outro curso ministrado por uma agência francesa. Ele defendeu a troca de informações entre as polícias de diferentes países. "Assim como o criminoso ambiental não observa fronteiras, as polícias têm que se aproximar para que a gente consiga bons resultados nessa área", acrescentou.