Rio de Janeiro – Depois de cinco meses de investigação, a Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (14) uma operação para desarticular uma quadrilha que falsificava documentos para a obtenção de passaportes brasileiros.
Segundo o Superintendente Regional da PF, Delci Carlos Texeira, o esquema era articulado no núcleo de imigração da cidade de Niterói, região metropolitana do Rio, e tinha participação de policiais federais, advogados e pessoas que trabalhavam em cartórios.
Segundo ele, a maior parte dos passaportes era vendida a libaneses, a um custo médio de 15 mil dólares. Os documentos eram expedidos com nomes verdadeiros e 70 deles já foram identificados.
Teixeira informou, ainda, que o líder do esquema é um libanês que mora há 25 anos no estado do Rio e que foi funcionário do consulado do Líbano.
O homem foi preso com mais 30 pessoas, dentre elas, 16 libaneses beneficiados com os passaportes, 14 mulheres que casavam com estrangeiros ou cediam seus filhos para que fossem registrados, além de um policial e um ex-policial federal. Ao todo, foram expedidos 33 mandados de prisão no Rio e São Paulo e 30 de busca e apreensão.
De acordo com o delegado responsável pela investigação, Carlos Pereira, a quadrilha falsificava documentos como certidões de nascimento e comprovantes de residência. Alguns casamentos com brasileiras eram forjados para a obtenção de passaportes.
Ele também afirmou que a maior parte dos libaneses beneficiados nesses 14 anos nem sequer veio ao Brasil. Isso indicaria que o objetivo não era morar no país. Os passaportes poderiam ser usados para que eles circulassem com mais facilidade, inclusive no caso de cometerem crimes.
Por isso, as informações foram enviadas para a Interpol. ?Não descartamos nenhuma possibilidade. A gente tem que levar em conta também que os libaneses têm muita dificuldade de circular pelo mundo com passaporte de seu país. Eles só podem entrar sem visto na Síria. Com passaporte brasileiro, eles podem entrar livremente na Europa?, disse o delegado.