PF faz apreensão em empresa ligada ao caso Correios

Agentes da Polícia Federal apreenderam na manhã de hoje (11) documentos e
computadores no escritório da empresa Comam Comercial Alvorada de Manufaturados,
em Brasília. Os donos da empresa, Artur Wascheck Neto e Antonio Velasco, estão
sob suspeita de serem os mentores da gravação em que o ex-chefe de departamento
dos Correios Maurício Marinho, além de aparecer recebendo propina, revela que
funcionava na estatal um esquema cujo objetivo era arrecadar dinheiro para o
PTB.

Apesar dos desdobramentos políticos do episódio, a PF avalia que a
intenção dos responsáveis pela gravação era meramente comercial. As evidências
indicam que foi Wascheck Neto quem contratou os serviços dos dois autores da
fita: o advogado Joel Santos Filho e o consultor de informática João Carlos
Mancuso Villela, ambos presos na quinta-feira.

O objetivo do empresário,
supõe a PF, era usar as conversas registradas para, durante a negociação de
contratos com os Correios, pressionar Maurício Marinho – que chefiava o
Departamento de Contratação e Administração de Material. Outra hipótese é que
Wascheck Neto estivesse disposto a reunir "munição" contra Maurício Marinho para
se prevenir de tentativas de achaque.

De acordo com o delegado Luiz
Flávio Zampronha, que conduz as investigações, Santos Filho e Mancuso Villela
receberam R$ 5 mil para fazer a gravação. Realizada por uma equipe de 12 agentes
da PF, a apreensão no escritório da Coman reuniu material suficiente para encher
duas caminhonetes. Documentos e computadores serão agora avaliados pela polícia,
que deverá divulgar o resultado da análise até sexta-feira.

Além da
Coman, Wascheck Neto é dono de outra empresa que vive basicamente de contratos
com setores governamentais, a Vetor Comercial. Ambas operam com o poder público
há mais de 15 anos. Para os Correios , as duas firmas forneciam desde
equipamentos de informática até produtos de saúde.

A fita em que Maurício
Marinho aparece recebendo uma propina de R$ 3 mil não é a única gravada pelos
dois contratados de Wascheck Neto. Registradas por uma câmera oculta numa maleta
de executivo, as conversas do trio sugerem uma conexão direta entre o ex-chefe
de departamento e o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson
(RJ).

Na mais célebre das gravações, revelada inicialmente pela revista
Veja e exibida com freqüência na televisão, Maurício Marinho fala com todas as
letras que Jefferson sabia de todos os seus movimentos. Numa outra gravação,
divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, ele aponta como interlocutor o genro do
deputado, Marcus Vinícius Vasconcelos Ferreira, ex-assessor da diretoria da
Eletronuclear no Rio de Janeiro.

A crise causada pela divulgação das
gravações produziu como efeito colateral um atrito entre a Polícia Federal e a
Agência Brasileira de Informação (Abin), que iniciara uma investigação nos
Correios sem dar ciência disso à PF. A Abin alega que, alertada das suspeitas de
fraude na estatal, infiltrou agentes entre empresários insatisfeitos por terem
ficado de fora de acertos em licitações viciadas.

De acordo com a Abin, o
ex-presidente dos Correios João Henrique Souza foi alertado em 15 de abril para
a existência de um esquema de corrupção na estatal. Só que, por meio de
assessores, João Henrique negou ontem recebido qualquer advertência da Abin ao
longo dos 15 meses em que permaneceu à frente dos Correios.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo