Uma força-tarefa conjunta da Polícia e da Receita Federal vai analisar documentos e o conteúdo dos computadores apreendidos ontem no escritório do deputado José Janene (PP-PR), na residência de um casal de assessores dele, em Londrina, e em escritórios em São Paulo ligados à empresa Taha Administração e Construção. A análise, segundo o delegado da PF Gerson Marchado, deverá ser concluída em quatro meses.
A PF investiga a procedência e o destino de milhões de reais movimentados pela esposa do deputado, Stahel Fernanda, e por dois assessores dele, Meheidin Hussein Jenani e Rosa Alice Valente. O dinheiro teve como origem a corretora Bônus-Banval, apontada pela CPI dos Correios como sendo canal usado pelo publicitário mineiro Marcos Valério para repassar dinheiro ao PP, então liderado por Janene na Câmara. A Taha e outra corretoras, que estão sendo investigadas pela PF, também são tidas como ponto inicial. A maior parte do dinheiro veio do exterior e seria procedente do "valerioduto". Janene embolsou R$ 4,1 milhões no esquema.
A esposa e os assessores de Janene passaram a ser investigados pela PF em 2004 a pedido do Banco Central, que desconfiou do volume movimentado. A PF disse ter "indícios" de que parte do dinheiro destinado a Janene tenha sido usado na aquisição de imóveis e na construção de uma mansão avaliada em R$ 2 milhões. Notas fiscais relativas a compra de material de construção foram encontradas em poder de Rosa e um cheque assinado por ela, no mesmo dia em que a Bônus-Banval efetuou depósito em sua conta foi parte do pagamento de uma propriedade rural em Faxinal, norte do Paraná.