Brasília ? A Polícia Federal deve ouvir, nos próximos dias, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e a funcionária do partido que fez o depósito de R$ 1 milhão na conta da Coteminas e a funcionária da empresa que recebeu o dinheiro. A informação foi dada pelo relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Ele se reuniu hoje (7) com os delegados da Polícia Federal responsáveis pelas investigações, Luiz Flávio Zampronha e Praxíteles Praxedes. "Nós queremos uma informação mais clara sobre os fornecimentos da Coteminas e sobre o pagamento", disse o relator.
Na reunião com os delegados, o relator disse que pediu para que a PF aprofunde as investigações sobre as movimentações de Marcos Valério. E descartou, por enquanto, a possibilidade de Delúbio Soares ser chamado novamente para depor na CPMI. "Ele pode vir a ser [chamado]. Vai depender do que ele informar [à PF]", explicou.
O relator contestou ainda a versão dada pelo ex-tesoureiro do PT de que o dinheiro dado à Coteminas, empresa do vice-presidente José Alencar, seria de Marcos Valério. "Admito a possibilidade de que o dinheiro não venha do valerioduto", disse. Ele ainda questionou o fato de Delúbio Soares ter dito que guardou o dinheiro em casa por quase um ano. "Ele sentava e renegociava com a Coteminas dizendo que não tinha dinheiro para pagar e com R$ 1 milhão em casa? É difícil assimilar isso", disse.
O relator-adjunto da CPMI, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), concordou com a opinião de Osmar Serraglio. "É óbvio que ninguém ficou com R$ 1 milhão guardado debaixo do colchão durante um ano, nem o investidor mais incompetente do PT". Para ele, quando o pagamento foi feito, o dinheiro do esquema de Marcos Valério já tinha acabado.
"Quando o pagamento foi feito, o dinheiro do valerioduto já tinha acabado. E mais, o dinheiro do PT já tinha acabado. Pelas informações que o delúbio já tinha prestado, esses valores foram pagos para outros fins que não R$ 1 milhão para Coteminas para pagar camiseta vermelha para o PT na eleição", disse o tucano. "O que está claro é que R$ 55 milhões não são suficiente para pagar tanta gente que o Delúbio Soares e o Marcos Valério já informaram ter pago. Se os falsos empréstimos já seriam deficitários, com esse outro milhão ele aumentou esse déficit em mais um milhão."