A Polícia Federal e o Ministério Público deflagraram hoje no Acre, às vésperas das eleições, uma operação para coibir a compra de votos e prenderam em flagrante um cabo eleitoral do ex-deputado Ronivon Santiago (PPB) que estava cadastrando eleitores da capital do Acre dispostos a trocar seus votos por R$ 100, em Rio Branco.

Advilso Nascimento da Silva e sua mulher, Rosete, foram detidos em sua casa, no bairro Santa Inês, juntamente com uma lista de 400 eleitores, todos com sua seção eleitoral identificada.

O ex-parlamentar, que já foi acusado de ter votado a favor da emenda da reeleição em troca de R$ 200 mil, será processado por crime eleitoral e poderá nem assumir o cargo, caso seja eleito. Advilso também será enquadrado em crime eleitoral, podendo ser condenado a até quatro anos de prisão.

A tentativa de aliciamento foi confirmada por quatro testemunhas, incluindo duas menores de 17 anos, que depuseram na madrugada de sexta-feira aos procuradores da República. Elas contaram que o próprio Ronivon detalhou a proposta de compra de votos na noite de segunda-feira, em uma reunião na casa de Advilso na qual compareceram 40 moradores do bairro.

Segundo uma das testemunhas, Ronivon teria subido em uma cadeira no pátio e perguntado quem já teria vendido os votos a ele em eleições anteriores para provar que era um “bom pagador”. O valor de R$ 100 seria rateado entre ele, o cunhado Humberto, que concorre a deputado estadual, e os candidatos a senador Nabor Júnior (PMDB) e Sérgio Barros (PSDB), e seria pago em duas vezes: R$ 50 na manhã do dia 6 e R$ 50 depois das eleições, no máximo até terça-feira.

Além do dinheiro pelo voto, o ex-deputado também teria prometido doar remédios e cestas básicas, além de empregos para alguns eleitores. A reportagem procurou por Ronivon em seu comitê eleitoral, deixou-lhe um recado, mas não obteve retorno.

No final da tarde de hoje, uma outra cabo eleitoral do ex-deputado, Geralda Costa, foi presa pela PF e confessou que intermediava a compra de votos para o candidato do PPB e seus aliados. “O acerto dele comigo era de que para cada pessoa que eu cadastrasse, ganharia R$ 30”, afirmou à imprensa.

A ação penal contra o deputado seria apresentada ainda hoje pelo promotor eleitoral Osvaldo de Albuquerque e a investigação judicial para efeitos de inelegibilidade, pelo Procurador Regional da República, Marcos Vinícius Aguiar Macedo. Ronivon poderá ser votado no domingo, mas caso eleito e considerado culpado, perderia direito ao mandato.

Seus votos, entretanto, permanecem com a legenda.

A mesma situação é enfrentada pelo ex-deputado Narciso Mendes, que teve sua candidatura impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas tenta ainda recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi acusado pelo Ministério Público de ter visitado na cadeia dois policiais presos que estavam dispostos a falar sobre os crimes do bando de Hildebrando Paschoal e ter prometido a eles liberdade em troca do silêncio se a oposição vencesse o governador Jorge Viana (PT). As denúncias foram confirmadas pelos policiais em depoimento aos procuradores.

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