A Polícia Federal (PF) apreendeu na manhã de hoje R$ 102,8 mil em dinheiro, acondicionado em uma mala e um saco num escritório localizado no edifício Concorde, em João Pessoa (PB). Na última sexta-feira, foram encontrados R$ 304 mil na marquise do mesmo prédio. O mandado de busca e apreensão foi requisitado pela PF como parte do inquérito aberto para apurar a origem e destino do montante em dinheiro e denúncia de crime eleitoral. A operação foi autorizada pela juíza da Propaganda Eleitoral, Maria das Graças Moraes Guedes. Ninguém foi preso.
Policiais federais chegaram no início da manhã e vasculharam o escritório do empresário Olavo Cruz Lira. Além do total de R$ 102.870,00, em cédulas de valores diversos, foram aprendidos também uma pistola 380; dois computadores, documentos diversos (entre eles contas de água, luz e telefone, pagas e não quitadas) e material de propaganda eleitoral. Toda apreensão foi encaminhada para a sede da corporação e está à disposição da Justiça.
A PF não divulgou de qual candidatura era o material de campanha para evitar a "exploração política" do caso, segundo o chefe da comunicação da Superintendência, Deusimar Wanderley Guedes. Disputam o segundo turno da eleição paraibana o governador e candidato à reeleição, Cássio Cunha Lima (PSDB) e José Maranhão (PMDB).
O inquérito presidido pelo delegado José Juvêncio investiga a suspeita de que os R$ 304 mil em dinheiro e dezenas de camisetas amarelas foram jogados do prédio momentos antes de uma abordagem de fiscais da Justiça Eleitoral, que apurava uma denúncia anônima de prática de compra de votos.
Guedes disse que a investigação aponta que o montante de dinheiro apreendido e as camisas amarelas teriam sido jogados do mesmo escritório. Amarelo é a cor da candidatura de Cássio. As camisas apreendidas, porém, não tinham qualquer identificação.
Um outro inquérito foi aberto pela PF para investigar a apreensão, na última quinta-feira, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) de R$ 42,9 mil em dez envelopes com nomes de políticos do interior do Estado e CDs com a inscrição "Cássio 45". O dinheiro estava em um carro ocupado por dois servidores do Estado, que foram presos em flagrante. A Justiça, no entanto, entendeu que os recursos saíram legalmente das contas de campanha de Cássio e aceitou o argumento de que eles se destinavam ao pagamento de gastos no interior.
O juiz eleitoral José Edvaldo Albuquerque de Lima, da Comarca de Bayeux, na região metropolitana de João Pessoa (PB) – onde ocorreu a apreensão -, determinou a liberação dos R$ 42,9 mil e do veículo apreendidos e a libertação dos funcionários do governo paraibano Gláucio Arnaud e Reinaldo Silva. Mas o inquérito não foi encerrado. Advogados da coligação de Maranhão solicitaram ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a investigação do caso.