As cotações do petróleo no mercado internacional continuam a sofrer sobressaltos jamais verificados ao longo das últimas duas décadas, sobretudo se o ponto de partida da observação for o ano de 1980, ocasião em que a commodity mais disputada, tanto por países industrializados quanto por emergentes, alcançara seu custo mais elevado.
A extrema volatilidade do mercado petrolífero, aliás, como nunca dantes utilizada por inúmeros países produtores como instrumento de pressão política (vide o caso da Venezuela), é hoje o desafio mais ingente na agenda dos chefes de governo das potências globalizadas.
O exemplo mais visível vem dos Estados Unidos, onde a última edição do acompanhamento semanal realizado pelo Departamento de Energia acusou a queda de 3,1 milhões de barris nos estoques estratégicos do país. Na quarta-feira, 5, a cotação do barril no pregão da Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex) fechou em US$ 104,52, com um aumento de 5,02% em relação ao dia anterior, quando esteve abaixo de US$ 100.
As razões imediatas para a elevação, segundo os analistas, vieram em dose dupla: o anúncio da redução dos estoques norte-americanos e a decisão sacramentada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de não autorizar o aumento da produção diária.
A decisão foi tomada no último encontro dos ministros da área energética dos países integrantes do cartel, realizado em Viena (Áustria). A Opep é responsável por 40% da produção mundial de petróleo e, ademais de comunicar que a instituição não trabalha com a hipótese de aumentá-la, também não fez questão de minimizar as preocupações alimentadas pelos rumores insistentes de que a mesma poderá sofrer cortes.
O presidente George W. Bush, dirigente da maior economia mundial, tem reiterado a necessidade de medidas concretas para livrar os Estados Unidos da dependência do petróleo, mediante o incentivo ao desenvolvimento da produção de álcool e outros biocombustíveis. Nessa cruzada, o presidente tem-se valido do argumento mais elementar: consumir em quantidade maior que a oferta faz com que os preços subam. O problema é a hora de encher o tanque.