Petróleo e inflação

A ameaça de um novo choque do petróleo ronda o mundo industrializado, embora todos saibam que os efeitos dessa crise energética anunciada haverão de se espalhar com rapidez por todo o planeta. O preço do barril de petróleo ultrapassou os US$ 60 no início da semana, acumulando este ano a elevação jamais observada de 40%.

Muitas indústrias potencialmente consumidoras de combustível fóssil parece terem chegado à exaustão e não conseguem transferir o aumento dos custos, já no limite máximo, para os consumidores de seus produtos e serviços. Caso isso venha a ocorrer, os analistas de mercado admitem o descontrole do processo inflacionário, mesmo nas economias mais sólidas.

Dentre os setores pressionados pela elevação dos preços do petróleo estão as entregas rápidas, aviação e siderurgia, que há alguns anos enfrentam o dilema do custo da energia e do carvão e a queda de demanda dos maiores consumidores. Os reflexos da crise atingem as poderosas máquinas industriais dos Estados Unidos, União Européia e Ásia.

O primeiro-ministro alemão Gerhard Schroeder, segundo a agência Bloomberg, reclama maior transparência dos mercados internacionais de petróleo, ante o fantasma da explosão dos preços da commodity e seu teor abrasivo sobre a economia mundial.

O G-8 (os sete países mais ricos do mundo e a Rússia) vai se reunir na Escócia, no próximo fim de semana, para discutir a desaceleração da economia, que tem entre suas causas imediatas a especulação sobre os preços do petróleo. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), formada por trinta países industrializados, encurtou a estimativa de crescimento para 2,6% em 2005, contra os 3,4% registrados no ano passado.

A expectativa negativa do mercado concentra-se na eleição do novo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, cuja intenção anunciada é permitir apenas às empresas domésticas a exploração dos campos petrolíferos nacionais. Se isso ocorrer, dizem os analistas, a produção iraniana decerto deve cair.

Países como Rússia e Venezuela tiram proveito dos altos preços do petróleo mediante o aumento de controle sobre as empresas domésticas e dos impostos cobrados das empresas estrangeiras.

No Brasil, o impacto da crise pode ser benéfico se o País abrir novos horizontes para a viabilização de projetos na produção de biocombustíveis.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo