A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não atendeu a solicitação do governo dos Estados Unidos no sentido de autorizar o aumento da produção de óleo cru. Os Estados Unidos são o maior cliente da Opep, mas mesmo assim o secretário-geral da instituição, Abdulla El-Badri, revelou aos jornalistas reunidos em Riad, para cobrir um encontro de rotina dos países exportadores, que não existe – no momento – a menor preocupação quanto ao abastecimento.
O assunto somente será examinado na reunião dos ministros do Petróleo dos países da Opep, marcada para o mês de dezembro, em Abu Dhabi. No início da semana, o ministro norte-americano de Energia, Samuel Bodman, havia feito um vigoroso apelo para o aumento da produção, alegando que a elevação do preço do barril de petróleo, que chegou a US$ 100, se deveu, em parte, ao fato de que os estoques disponíveis nos países industrializados estão abaixo da média dos últimos cinco anos.
Desde meados de setembro, o petróleo do tipo West Texas Intermediate (WTI), segundo as agências noticiosas, está sendo negociado na faixa intermediária de US$ 90 a US$ 100. Esta semana, o barril do WTI foi negociado em Londres a US$ 98,62, elevando o risco da pressão inflacionária em vários países importadores.
O secretário-geral da Opep, Abdulla El-Badri, aproveitou o ensejo para reclamar medidas mais efetivas da parte do governo dos Estados Unidos, com o objetivo de cooperar na resolução da crise. Além do dólar desvalorizado, El-Badri se referiu também às deficiências estruturais no sistema norte-americano de refino e até a questões de natureza geopolítica. Um aspecto negativo que o governo Bush não tem como minorar, é que nos últimos trinta anos não foram feitos investimentos de vulto no setor de refino.
Também estão diretamente interessados no aumento da produção de petróleo a China e a União Européia, que já fizeram chegar suas reivindicações ao cartel exportador, até agora limitado a responder de forma evasiva aos dirigentes dos países onde o consumo de gasolina e óleo diesel cresce em escala galopante.
A Agência Internacional de Energia (AIE), órgão regulador do mercado de energia dos países do bloco ocidental, está revendo as previsões de demanda de combustíveis derivados de petróleo para o resto do ano e também para o próximo, lembrando que os preços altos são um fator inevitável para a restrição do consumo.
Em setembro, a Opep concordou com o aumento diário de 500 mil barris na produção de petróleo, mas até agora não se convenceu da necessidade de produzir mais, contribuindo para elevar o nível de apreensão do mercado.