Petrobras vai produzir diesel menos poluente

A Petrobras inaugurou ontem, na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, sua mais nova Unidade de Hidrodessulfurização (UHDS), que foi construída ao longo dos últimos três anos e teve um investimento de US$ 150 milhões.

A unidade será destinada à produção de óleo diesel com baixos teores de enxofre, produto considerado altamente poluente. “Hoje, o teor de enxofre é de 0,2% para o diesel metropolitano e de 0,35% para o interior”, comentou o engenheiro e gerente de empreendimentos da Repar, Sérgio Micco Czelusniak. “A nova unidade irá produzir diesel metropolitano a 0,05% e interior a 0,2%”.

Segundo o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, que esteve no Paraná para participar da inauguração, com a unidade de hidrodessulfurização a empresa se antecipa à legislação ambiental, que prevê a adequação do combustível a partir do próximo ano. “Com baixos teores de enxofre, o óleo diesel torna-se bem menos poluente. A Petrobras é uma empresa preocupada com lucro e rentabilidade, mas também com a preservação do meio ambiente”, afirmou.

A UHDS é composta por um complexo de quatro unidades de processo e outras unidades auxiliares. Diariamente, irá produzir 700 metros cúbicos de diesel, o equivalente a um aumento de 5% na produção da Repar, que passa a ser de 470 mil metros cúbicos mensais. “O custo de produção do diesel com menos teores de enxofre é superior para a Petrobras. Porém, o produto não será encarecido aos consumidores. Para eles, não muda nada em termos de combustível”, explicou o engenheiro Sérgio.

Unidades de hidrodessulfurização semelhantes à da Repar também estão em funcionamento em Cubatão (SP) e em outras unidades do Estado de São Paulo. Outras estão sendo construídas pela Petrobras nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Funcionamento

De acordo com a Petrobras, na UHDS o enxofre do diesel bruto é retirado com o auxílio de catalisadores especiais e hidrogênio puro, transformando-se em ácido. “A Unidade de Geração de Hidrogênio produz hidrogênio praticamente puro por meio da reação entre gás natural e vapor de água. O enxofre presente no combustível se associa ao hidrogênio, gerando amônia, gás ácido e outros componentes. Neste momento, o diesel já está purificado”.

Na seqüência, na Unidade de Tratamento de Água Ácidas, os resíduos misturados à água são tratados. No local, o enxofre é recuperado e transformado em produto sólido, sendo posteriormente vendido às indústrias médica, alimentícia e agroindustrial. “Os gases remanescentes vão para a Unidade Dietanolamina, onde são tratados e enviados à Unidade de Recuperação de Enxofre, já existente na refinaria, depois são enviados para consumo e uso em outras unidades”.

Solenidade teve protesto contra o leilão da ANP

Ontem, das 7h30 às 9h30 – antes do início da solenidade de inauguração da Unidade de Hidrodessulfurização – cerca de 200 pessoas, entre funcionários da Petrobras e integrantes do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Satarina (Sindipetro PR/SC), fizeram uma manifestação em frente ao portão principal da Repar.

Eles protestavam contra o leilão de áreas petrolíferas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), cuja sexta rodada teve início ontem: “Já houve cinco leilões. Entretanto, o grande problema desse sexto é que estão sendo disponibilizadas as áreas azuis e outras áreas vizinhas a elas”, disse o presidente do Sindipetro, Anselmo Ernesto Ruoso Júnior.

As chamadas áreas azuis estão localizadas nas bacias de Campos (RJ), Espírito Santo, Sergipe e Alagoas. Elas foram passadas pela ANP à Petrobras em 1998. “O povo brasileiro investiu 50 anos em pesquisas nessas áreas, que são de alta probabilidade de petróleo e retorno garantido. Se elas tiverem que ser entregues, toda a riqueza não será revertida ao bem-estar da população brasileira”, afirmou Anselmo. No total, são 24 empresas habilitadas a disputar 913 blocos exploratórios. Dessas, nove são brasileiras – uma delas é a Petrobras.

O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, chegou à Repar às 9h30 e foi recebido pelos manifestantes, comentando com eles a posição da empresa no que se refere ao leilão: “Não cabe à Petrobras se manifestar sobre a posição que o País deve tomar. Ela é uma empresa concessionária e vai jogar de acordo com as regras”, declarou. “Esperamos arrematar nossas áreas de interesse e explorar de forma competente o que for de nossa concessão”. Dutra não quis revelar quais são as áreas de interesse da empresa.

Combustíveis

Sobre o preço dos combustíveis, o presidente não confirmou uma nova alta para os próximos dias. “A Petrobras aplica uma política de preços coerente com a legislação brasileira e prevista em mercado aberto, onde se praticam preços competitivos de acordo com os mercados internacionais”.

Segundo ele, isso não significa que a empresa faça o repasse de todas as oscilações internacionais ao preço final dos produtos. “O novo patamar do petróleo não está consolidado. Estamos esperando que o patamar seja definido para refazer novos reajustes para baixo ou para cima”. (CV)

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