O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá esclarecer hoje a seu companheiro Hugo Chávez, da Venezuela, que a Petrobras vai realizar os investimentos necessários para a construção e instalação da Refinaria Abreu de Lima, em Pernambuco, independentemente dos aportes esperados da Petróleos de Venezuelana SA (PDVSA). Se, ao final das obras, não houver injeções de recursos da PDVSA, a parceria selada no ano passado para a condução desse negócio será desfeita, e a Petrobras conduzirá sozinha a refinaria.
Essa situação foi discutida na última quinta-feira pelo governador eleito de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), com o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. De acordo com Campos, a Petrobras concluiu que o empreendimento é necessário à sua lógica de produção e exportação de combustíveis e não pode ser adiado em razão de suas pendências com a PDVSA sobre outra parceria – a exploração e a produção de petróleo em seis blocos de jazidas na Faixa Petrolífera do Orinoco, na Venezuela.A Petrobras reivindica ao governo venezuelano a redução da pesada carga tributária sobre a produção nesses blocos.
A refinaria em Pernambuco e a exploração desses blocos, explicou Campos, são negócios casados. Um é contrapartida do outro. No Brasil, quem impulsiona o negócio é a Petrobras. Na Venezuela, a PDVSA. Em princípio, a refinaria deverá refinar o petróleo brasileiro e também o óleo venezuelano, bem mais pesado, com tecnologia desenvolvida pela Petrobras. "Há um equilíbrio entre os dois empreendimentos", afirmou Campos, que integra a comitiva do presidente Lula em sua visita à Venezuela. "Mas a Petrobras entende que a refinaria será uma unidade importante na sua estrutura de produção de derivados", completou.
O projeto da refinaria foi estimado no ano passado em US$ 2,5 bilhões. Mas Campos já fala em US$ 2,8 bilhões em investimentos. A perspectiva é que as obras comecem em julho de 2007, quando for concluída a terraplenagem e a incorporação final de um terço do terreno, ainda em processo de desapropriação. Nas conversas que manteve na Petrobras, na semana passada, o governador eleito deixou claro que pretende ver a refinaria funcionando antes do final de seu mandato, em dezembro de 2010. Teria ouvido sinais positivos da Petrobras, também apressada na conclusão desse empreendimento.