Petrobras pode implantar usina de produção de biocombustível no PR

Diretores e técnicos da área de desenvolvimento energético da Petrobras estiveram nesta terça-feira com o vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, para conhecer detalhes do Programa de Bioenergia que está sendo implantado pelo Governo do Paraná. Pessuti explicou qual a intenção do Governo com a criação do programa e o esforço para implantá-lo principalmente nas regiões de menor IDH.

Técnicos da SEAB envolvidos na execução do projeto também participaram do encontro e explicaram sua execução. O gerente executivo da área de desenvolvimento da Petrobras, Paulo Kazuo, mostrou interesse em construir uma unidade de produção do novo combustível na região Sul do Estado. Ele e outros técnicos da empresa identificaram na região, perto de São Mateus do Sul, a alternativa de usar o nabo forrageiro como matéria-prima na produção de bioenergia.

"Temos interesse em aproveitar o nabo forrageiro de forma industrial, desde que não atrapalhe outras culturas agrícolas, e isso é possível, uma vez que a oleaginosa é uma atividade complementar", observou.

Kazuo propôs que seja formado um grupo de trabalho entre técnicos da Petrobras, Seab e outras entidades parceiras no Programa de Bioenergia para analisar todas as alternativas e a dimensão da proposta, inclusive ligadas às questões ambientais.

Foram sugeridas ainda, além do nabo forrageiro, novas alternativas de produção do combustível. "Acreditamos que, num primeiro momento, a intenção do Governo com o programa seja dar sustentabilidade às famílias, mas se observarmos questões internacionais, não descartamos, num futuro próximo, usar até a soja como matéria prima para o biocombustível", explicou.

Para o secretário Pessuti, a visita dos diretores e técnicos da Petrobras foi bastante proveitosa. "O encontro serviu para se pensar na possibilidade de construirmos juntos caminhos para transformar o Paraná na grande região produtora de oleaginosas para processamento em biocombustível do país", comentou. Ainda segundo o secretário, a proposta da Petrobrás está de acordo com os interesses do Governo e, desde que ela seja realmente uma alternativa de renda para os agricultores da região Sul, nada impede que seja concretizada.

Os técnicos presentes à reunião decidiram que nos próximos dias vão definir o grupo de trabalho para analisar todas as alternativas, para eventual sucesso do projeto.

Programa Estadual

O Paraná é um dos Estados pioneiros do país a criar o Programa de Biocombustível. Ele visa dois aspectos importantes, o desenvolvimento de tecnologia de produção utilizando o álcool etílico no processo industrial, sob a responsabilidade do TECPAR, e a organização de um sistema sustentado de produção de oleaginosas, de modo a se obter maior eficiência econômica nas propriedades agrícolas familiares, coordenada pela SEAB.

"A ação da pesquisa é prioridade nesse momento para se dominar a tecnologia de produção do biodiesel e garantir a produção da matéria prima em uma agricultura familiar eficiente economicamente", explicou Richardson de Souza, engenheiro agrônomo da SEAB, responsável pela implantação do projeto.

Para essa primeira fase, a ser executada no início de 2005, estão previstas a aquisição de sistema completo de prensa para a extração de óleos vegetais, desenvolvimento de pesquisas de novas espécies de oleaginosas, implantação de 25 unidades de pesquisa/observação de girassol (na safrinha fevereiro de 2005), e estudos sobre a utilização da torta de girassol na alimentação animal. Nesse mesmo período, os técnicos vão analisar a viabilidade técnica e econômica da utilização do óleo de girassol em motores diesel.

O segundo momento do programa, esclareceu Richardson, tem por objetivo motivar as cooperativas estaduais e investidores, na instalação de unidades de produção de biodiesel no Paraná, utilizando a tecnologia do Tecpar com a garantia de fornecimento de matéria prima.

Para o secretário Orlando Pessuti, o desenvolvimento de um programa como este, que permite a substituição do óleo diesel, possibilitará um incremento da economia dos municípios. "Ele vai movimentar toda a cadeia do agronegócio, principalmente nas propriedades familiares", comentou Pessuti.

A SEAB, de forma integrada com a Emater e o IAPAR, já iniciou os trabalhos para implantar as Unidades de Observação. "É importante salientar que além de buscar o desenvolvimento de tecnologia de produção industrial, esse programa visa oferecer ao agricultor, não só mais uma alternativa de produção, mas principalmente um sistema integrado e sustentado de produção", lembrou o coordenador do programa.

Segundo ele, isso será feito de maneira que permita um aproveitamento melhor da propriedade, através do planejamento de ações integradas (produção animal e vegetal) , gerando novos empregos e melhorando a renda e a economia energética.

O projeto envolve aproximadamente 80 produtores parceiros nesse programa de pesquisa que vai definir os parâmetros tecnológicos de produção de oleaginosas no Estado e conta ainda com a participação da Embrapa-Soja e das Universidades Estaduais.

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