Petrobras pode anular venda de refinarias à Bolívia

A Petrobras poderá cancelar sua proposta de vender as duas refinarias que possui na Bolívia à estatal local Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) por US$ 112 milhões, caso a primeira parcela do pagamento não seja efetivada até 11 de junho. A advertência foi feita ontem pelo presidente da filial boliviana da Petrobras, Fernando de Freitas. Em entrevista coletiva convocada por ele aos jornais locais e agências de notícias estrangeiras, o executivo foi categórico: "Se isso não acontecer (o pagamento), a proposta vai cair".

Ele explicou que a possibilidade de suspender a negociação estava prevista no documento assinado entre a estatal e o governo boliviano para autorizar o repasse das refinarias ao controle da YPFB. Por uma cláusula do documento, o valor seria mantido até que o pagamento fosse efetuado no prazo de 30 dias a partir de sua assinatura, e "isso vence no dia 11 de junho", lembrou, ressaltando que acredita no cumprimento do contrato. Na semana passada, o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, havia dito que a Bolívia usaria os 30 dias para assinar o acordo, pois pretendia revisar com muita cautela cada detalhe da transferência.

O executivo também aproveitou a entrevista coletiva para afirmar que ainda não está sendo considerada a possibilidade de receber parte do pagamento em gás. A afirmação confronta o que o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, havia dito anteontem em São Paulo. Gabrielli havia confirmado que a hipótese era considerada e seria aceita porque "gás natural também é dinheiro". "Esperamos receber em dinheiro. Caso o governo boliviano faça a solicitação de outra forma de pagamento caberá a nós decidirmos se aceitamos ou não", disse ontem o principal executivo da Petrobrás na Bolívia.

Segundo Fernando de Freitas, o pagamento em gás natural é complexo. "Todas estas conquistas alcançadas no processo de gestão da refinaria custam dinheiro, dinheiro dos investidores, dinheiro dos acionistas da Petrobras e, portanto, devem ser remunerados", ressaltou na entrevista.

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