O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou esta noite que a empresa vai pedir ressarcimento de US$ 105 milhões à Bolívia. O valor corresponde aos investimentos feitos pela estatal na área de refino do país. Além desse montante, a empresa também vai reivindicar a eliminação de todas as pendências, como pagamento dos salários de funcionários e fornecedores.
Segundo Gabrielli, o valor exato do ressarcimento deveria ter sido discutido com a Bolívia a partir da contratação de auditorias, conforme acordado anteriormente. "A Petrobras chegou a contratar uma auditoria, que deve concluir os seus trabalhos em setembro. A Bolívia deveria ter feito o mesmo, mas não fez. Acreditamos que, com o decreto atual, a valorização futura das duas refinarias certamente será prejudicada.
Pretensões bolivianas
Segundo Gabrielli, o governo boliviano não tem clareza sobre o que pretende no setor de hidrocarbonetos local. "Há uma imprecisão, uma indefinição. Falta clareza sobre o que o governo boliviano pretende nesta área", disse. "Estávamos com uma reunião marcada para amanhã na Bolívia e o governo local age nas vésperas de tal encontro com uma ação unilateral. É preciso observar um pouco mais a real disposição do país de negociar com o Brasil nesta questão do refino", complementou ele, no encerramento da Rio Oil & Gas
Gabrielli disse ainda que o decreto se refere exclusivamente à área de refino e não trata do setor de gás. "As negociações relativas ao gás independem deste decreto e continuam normalmente", afirmou. Ele se recusou, entretanto, a comentar se este decreto relativo à área de refino poderia afetar negativamente as negociações relativas ao gás.
"Comento somente sobre o refino, porque o acordo que tínhamos com a Bolívia de negociar fora da imprensa foi quebrado. O mesmo não aconteceu com o gás e, portanto, não vou discutir este tema pela imprensa", afirmou.
O executivo também elogiou a postura do governo brasileiro de manter as relações internacionais com a Bolívia e não partir para "medidas extremadas". "O governo brasileiro tem papel importante de manter as negociações com seu país vizinho. Isso reafirma a posição da Petrobras nesta negociação", disse.
Ação e reação
O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, afirmou, em entrevista nesta quinta-feira (14) sobre a resolução ministerial da Bolívia que expropriou as refinarias da Petrobrás naquele país, que a reação brasileira "será à altura da ação". Apesar do tom elevado, porém Silas disse que a crise com a Bolívia não pode ser resolvida "com um rompante". Na mesma conversa com jornalistas, Silas já havia qualificado de "inaceitável" o seqüestro das receitas da Petrobrás na Bolívia.
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