Uma equipe da Petrobras está iniciando negociações com o governo boliviano sobre a nova regulação do setor de petróleo e gás, informou hoje (27) o presidente da estatal brasileira, José Sérgio Gabrielli Azevedo. O governo do presidente Evo Morales deve regulamentar a lei de hidrocarbonetos aprovada na gestão anterior, disso o executivo. "Somos a maior empresa do país e é evidente que vamos interagir com a Bolívia", afirmou. Ontem, o novo presidente da Yacimientos Petroliferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Jorge Alvarado, havia anunciado a estatização de refinarias e o noticiário das agências internacionais mencionou duas unidades da Petrobras
Segundo Gabrielli, nenhuma decisão desse tipo havia sido tomada até hoje pelas autoridades bolivianas, que ainda têm de regulamentar a nova lei. A Petrobras tem um plano de investimento de US$ 1,4 bilhão num complexo gás-químico na Bolívia, com participação de empresas privadas
Investimentos de igual valor estão programados para os Estados Unidos, onde a empresa planeja dedicar-se à exploração de petróleo tanto em águas rasas quanto em águas profundas. A Petrobras opera em 16 países, no exterior e, neste ano, está ampliando sua presença na África, em busca de petróleo e gás. Os planos incluem, entre outros países, Moçambique e Líbia
Ate 2010, Segundo Gabrielli, a empresa deve investir mais de US$ 16 bilhões no Brasil e no exterior. A Petrobras está redefinindo suas atividades na área de gás e deverá reformar a infra-estrutura de distribuição no Brasil.Os planos incluem a aplicação de mais capitais na exploração. A dificuldade, neste momento, é a escassez mundial de sondas exploratórias
Com a expansão das atividades, a empresa planeja também a contratação de 9 mil a 10 mil pessoas até 2008, dentro e fora do país. Hoje, o quadro de pessoal é pouco superior a 50 mil funcionários, segundo o presidente
Entre outubro de 2002 e janeiro de 2006 o valor de Mercado da Petrobras foi multiplicado por dez, passando de US$ 9 bilhões para US$ 90 bilhões, comentou Gabrielli.
Ele evitou comentar o desempenho financeiro da empresa no ano passado, alegando que as demonstrações deverão ser divulgadas no dia 17 de fevereiro. As normas do mercado de ações não permitem a antecipação de dados pela companhia
Gabrielli não respondeu diretamente se a empresa deverá aumentar seus preços para acompanhar as cotações internacionais do petréleo. "Nossa política", limitou-se a dizer, "´é não passar a volatilidade de curto prazo do mercado internacional para o mercado brasileiro". Antes de mexer nos preços, argumentou, é preciso analisar os fatores que influenciam as cotações internacionais e verificar se são duradouros
Gabrielli participou hoje de um painel, na reunião do Fórum Econômico Mundial, e falou sobre a atuação da empresa no que chamou de duas pontas do mercado, a dos combustíveis fósseis tradicionais e a dos produtos alternativos, como o álcool. Também o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, tem procurado apresentar a imagem do Brasil como um grande fornecedor potencial de combustíveis alternativos, derivados da biomassa, em várias atividades do Forum neste ano