Rio ? O diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, disse hoje (10) que a intenção do governo boliviano de aumentar o preço do gás exportado ao Brasil além do reajuste previsto em contrato é uma "pretensão descabida".
"Não vejo como concordar com um aumento neste momento. Eles estão ganhando muito dinheiro com esse contrato. Muito mais que o esperado", afirmou. De acordo com o diretor, quando o contrato foi assinado, em 1996, a Bolívia ganhava em torno de US$ 1 por BTU (unidade internacional de comercialização do produto). "Agora eles ganham em torno de US$ 4. Se com US$ 1 o negócio era viável e dava lucro para eles, imagina com US$ 4, dá muito mais. Para nós não está ruim, mas está muito melhor para eles do que para nós", acrescentou. O acordo passou a vigorar em 1999.
Nesta semana, a Agencia Boliviana de Información (ABI – a agência oficial de notícias daquele país) informou que o governo encaminharia um convite à Petrobras para discutir, na semana que vem, a renegociação do preço de exportação do gás para o Brasil.
Sauer disse que ainda não recebeu o convite do governo boliviano porque estava viajando. Mas ele acredita que não deve haver aumento além do reajuste previsto de 11%, uma vez que a estatal não deverá concordar com isso. "Se eles pedirem, nós vamos analisar e mostrar porque entendemos que não é possível aumentar, e acabou. Se não concordarmos, eles terão que ir para uma arbitragem, que levará tempo, meses, anos".
O diretor explicou que o preço do gás é reajustado automaticamente a cada três meses, de acordo com um cálculo previsto em contrato. Ele confirmou que o próximo reajuste, previsto para 1º de julho, deve ficar em torno de 11% como adiantou ontem (10) o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli. O cálculo definitivo, no entanto, só deve ser conhecido no dia 30 de junho.