A Petrobras esclareceu hoje (14) que não vai arcar sozinha com os US$ 5 bilhões em investimentos negociados com o governo boliviano e com a estatal local YPFB. Segundo nota distribuída pela empresa, caso os projetos em análise sejam aprovados, os recursos serão divididos com "diversas empresas privadas" de setores como petroquímica, metalurgia e siderúrgica entre outros. "A direção da Petrobras somente definirá o montante de investimentos a serem feitos pela companhia na Bolívia depois de concluídas as avaliações dos potenciais projetos", diz o texto.
A estatal está negociando parcerias com o governo boliviano com o objetivo de "reforçar sua posição" junto ao principal fornecedor de gás para o Brasil, responsável por 50% do abastecimento nacional. Na prática, trata-se de uma estratégia de aproximação para evitar sanções à atuação da empresa no país vizinho, cujo governo atual foi eleito com a bandeira de retomar o controle sobre as reservas do combustível.
Segundo a Petrobras, grupos de trabalho bilaterais têm até o final do mês para avaliar projetos nas áreas de exploração e produção, refino, distribuição de gás, petroquímica e biocombustíveis.
Preço
A empresa negou também que o aumento de impostos sobre a produção na Bolívia seja responsável pelos reajustes recentes no preço do gás vendido no Brasil. "O que determina o reajuste do preço do gás importado pela Petrobras, conforme o contrato, é a variação trimestral de preços de uma cesta de óleos combustíveis no mercado internacional", afirma a empresa na nota, explicando que as regras contratuais não permitem que o aumento dos royalties sobre a produção, promovido no ano passado seja repassado ao preço final do produto.
Em 2005, depois de dois anos congelado, o preço do gás natural boliviano subiu cerca de 40%. Na época dos primeiros aumentos, a empresa informou que estava retirando descontos concedidos desde o início de 2003, em virtude de reajustes promovidos pela estatal YPFB. A Petrobras Bolívia, subsidiária local da estatal, é responsável por 25% do gás importado, mas tem de vender o produto à YPFB, empresa que tem os direitos para vender o produto ao Brasil.