O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, descartou, nesta terça-feira, qualquer possibilidade de reajuste no preço do gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de botijão, congelado desde janeiro de 2003. Segundo ele, o produto tem uma política específica de preços, diferente dos outros combustíveis, e leva em conta a capacidade financeira dos consumidores. "Temos de avaliar bem o mercado porque, se houvesse muitos reajustes, provocaríamos restrições de demanda", alegou.
O último reajuste no preço do GLP foi promovido quando o petróleo oscilava em torno de US$ 30 o barril. Desde então, as cotações internacionais dispararam, chegando a bater em US$ 70.
Todos os outros produtos vendidos pela estatal tiveram reajustes nesse período, com o objetivo de acompanhar o mercado externo – a gasolina, por exemplo, subiu 17% nas refinarias -, mas o valor do GLP foi mantido, dentro de uma política que vai ao encontro de determinações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando assumiu. Lula chegou a pedir ao Ministério de Minas e Energia uma redução de 10% no preço do botijão.
"Não é política social, mas é uma avaliação global do mercado. Está havendo retração de demanda", explicou o diretor, quando perguntado se a estratégia seguia orientação do governo. Ele lembrou recentes notícias veiculadas na imprensa sobre a substituição de GLP por lenha em regiões mais pobres do País como exemplo de que um preço alto pode reduzir as vendas do produto. "Acho que hoje o preço é acessível à população", afirmou.
O executivo acredita, porém, que os aumentos nos preços da gasolina e do diesel, promovidos há duas semanas, não devem provocar queda de demanda. Segundo ele, dos 10% de aumento concedidos pela estatal no preço da gasolina nas refinarias, apenas 3% deveriam chegar ao consumidor final, caso não houvesse aumentos de margens e do álcool anidro. "Mas o preço é livre e a Petrobras não tem ingerência sobre o que acontece nos postos", destacou.
Refinaria
Costa informou que a Petrobras deve anunciar nas próximas semanas a localização da refinaria do Nordeste e da unidade petroquímica do Rio. No primeiro caso, ele garante que cinco Estados permanecem na disputa – Maranhão, Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe e Pernambuco -, apesar de a PDVSA já ter anunciado sua preferência pelo último. No segundo caso, a cidade de Itaguaí e a região Norte fluminense estão no páreo.
A refinaria do Nordeste vai processar óleo venezuelano, em um mix com petróleo do Campo de Marlim, o maior do País, cuja produção hoje é, em sua maior parte, exportada. Segundo o diretor da Petrobras, a unidade vai mesclar os dois tipos de óleo em uma razão de 50% cada. As empresas ainda não definiram, porém, qual será o porcentual de cada parceiro no projeto nem como será feito o rateio da produção.
"É possível que a Petrobras compre tudo, mas isso ainda não foi definido", afirmou, ressaltando que o empreendimento tem de começar a ser tocado ainda este ano para ficar pronto até 2011.
