Agora que atingiu a auto-suficiência na produção de petróleo, a Petrobras passa a focar a ampliação de sua capacidade de refino, principalmente no exterior. A informação foi dada hoje pelo presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, explicando que a empresa vai passar a exportar grandes volumes de petróleo e precisa de projetos que melhorem o lucro de suas vendas ao exterior. Ou seja, ao invés de vender o petróleo bruto, passa a vender combustíveis no mercado internacional.
Dinheiro para novos projetos não falta, garante o executivo. "Estamos com uma situação financeira excepcional", afirmou, lembrando que a empresa fechou o ano passado com uma sobra de caixa de cerca de R$ 24 bilhões, mesmo tendo investido R$ 25 bilhões e reduzido seu nível de endividamento. "Isso tudo sem fazer captações", ressaltou Gabrielli. Para este ano, a empresa prevê investir R$ 38 bilhões e conta com a sobra do ano passado mais a geração de caixa deste ano.
O poder de fogo da estatal vem alimentando boatos no mercado internacional. Hoje, o jornal português Diário Econômico publicou matéria sobre o suposto interesse da Petrobras em uma refinaria portuguesa. A imprensa estrangeira também levanta a hipótese de que a empresa seria uma das candidatas na compra da petroleira espanhola Repsol. "Estamos sempre avaliando oportunidades de expansão", limitou-se a comentar Gabrielli, quando questionado sobre os boatos.
No final do ano passado, a empresa comprou 50% da refinaria de Pasadena, no Texas, e pretende adaptá-la para processar o pesado petróleo brasileiro. A estratégia é ampliar os negócios em refino no exterior. "Temos tecnologia para transformar o petróleo pesado em uma enorme gama de produtos e queremos aproveitar essa experiência", disse o presidente da Petrobras. Segundo ele, 80% do petróleo processado nas refinarias brasileiras são produzidos no País.
Com a auto-suficiência, o Brasil deve fechar 2006 com um superávit de US$ 3 bilhões em sua balança comercial de petróleo e derivados, revertendo um quadro histórico de saldos negativos. Em 2010, a estatal estará produzindo 2,3 milhões de barris de petróleo por dia no Brasil, para um consumo interno de 1,9 milhão de barris. Ou seja, 400 mil barris por dia deverão ser deslocados para o mercado externo.
Gabrielli não quis comentar em que países a empresa pode investir em refino, mas dentro da estratégia internacional da companhia, os mercados americano e europeu têm preferência. No Brasil, a companhia tem participação em dois projetos de refino – a refinaria de Pernambuco, parceria com a PDVSA, e a refinaria petroquímica, com o grupo Ultra – que somam US$ 6 bilhões em investimentos e devem entrar em operação a partir de 2011.
