A Petrobras já pensa em tirar da gaveta o projeto de investimento em uma planta de fertilizantes em Goiás. Os planos haviam sido suspensos desde a crise com a Bolívia, já que o suprimento de gás para a unidade viria da ampliação do Gasbol (Gasoduto Bolívia-Brasil). Segundo o gerente-geral de Planejamento e Gestão da Área de Abastecimento da Petrobras, Paulo Maurício Cavalcante Gonçalves, com as últimas negociações com o governo boliviano, a estatal já voltou a pensar em investimentos futuros para a Bolívia. "Os ânimos estão mais arrefecidos e isso permite uma retomada dos estudos", disse em entrevista, após participar de evento promovido pela Organização Nacional da Indústria de Petróleo (Onip) para o setor.
A planta de fertilizantes, segundo ele, processaria cerca de dois milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, volume equivalente ao que hoje é utilizado nas duas unidades da Fafen (empresa de fertilizantes da Petrobras), instaladas na Bahia e em Sergipe. A idéia é de que a unidade comece a operar a partir de 2012. A previsão inicial era de que a planta recebesse investimentos de US$ 600 milhões, mas este valor deverá passar por uma atualização para constar na revisão do Planejamento Estratégico da estatal, que começará a ser feito a partir de janeiro.
Também no planejamento estratégico deverá constar, segundo ele, uma outra unidade de fertilizantes, do mesmo porte, com previsão para entrar em operações a partir de 2015. "O Brasil importa mais do que a metade do que consome e mesmo com estas duas plantas continuará a ser dependente de outros países. É um nicho de mercado que a Petrobras vai entrar, dentro de sua estratégia de diversificar portfólio", afirmou.
Álcool para o Japão
A Petrobras planeja abastecer usinas termelétricas do Japão com álcool brasileiro, segundo o gerente-geral de Planejamento e Gestão da Área de Abastecimento da estatal. A companhia está negociando a exportação de 3,5 bilhões de litros para o mercado japonês a partir de 2008, por meio de sua joint venture formada em parceria com a trading japonesa Japan Alcohol.
A idéia é de que parte do combustível exportado seja adicionada à gasolina para os veículos automotores, e ainda uma maior parte direcionada para o abastecimento das usinas térmicas. Segundo ele, a negociação está ocorrendo junto a um grupo de usinas termelétricas que possuem um total equivalente a quase metade da energia elétrica gerada no Brasil, ou cerca de 40 mil MW.
"É claro que não vamos atender a 100% desta demanda, porque não teríamos álcool suficiente para isso num primeiro momento. Mas queremos atender a este mercado ao máximo possível dentro de nossa capacidade", disse. De acordo com o executivo, estão sendo feitos testes hoje no Japão e no Brasil para determinar mais claramente o melhor aproveitamento do álcool em usinas térmicas. "Os testes no Japão estão mais avançados e lá eles têm conseguido uma elevada eficiência energética", comentou.
Mega-refinaria
A Petrobras espera concluir até o final do primeiro trimestre de 2007 o projeto básico de construção de sua mega-refinaria, que vai processar 500 mil barris de petróleo por dia, se tornando a maior do País. A unidade, que deve consumir investimentos de US$ 5 bilhões (estimados pelo mercado), deverá ter parte de sua produção voltada para a exportação.
Segundo o gerente-geral de Planejamento, a refinaria, chamada Premium dentro da Petrobras, ainda não tem local definido para ser instalada. "Estamos avaliando e isso certamente será conhecido no início de 2007", disse no evento da Onip no Rio a empresários do setor.
A planta será o terceiro projeto na área de refino que a Petrobras prevê para o Brasil num curto prazo, e deverá entrar em operação em 2014. As outras duas unidades serão instaladas no Estado do Pernambuco, em parceria com a PDVSA, e no Rio de Janeiro, esta voltada principalmente para o setor petroquímico. O executivo também reiterou que a empresa vem buscando oportunidades no parque de refino fora do Brasil. "Estamos estudando a possibilidade de investir no refino na Ásia, Estados Unidos e Europa", disse. Ele negou, entretanto, que a companhia já tenha se decidido entre comprar uma planta ou arrendá-la. "Isso ainda está passando por estudos", afirmou.