Rio – A Petrobras estuda a possibilidade de construir um navio com planta de regaseificação acoplada em seu convés para suprir a demanda do combustível no País em 2010 sem aumentar a dependência da Bolívia. Segundo o gerente-geral de Planejamento e Avaliação empresarial do setor de Gás e Energia da estatal, Sydney Granja Affonso, a estatal trabalha com um déficit de 15 milhões de metros cúbicos por dia em 2010, já considerando uma produção nacional de 70 milhões de metros cúbicos e importação de 30 milhões de metros cúbicos diários pelo contrato com a Bolívia, válido até 2019.
"É claro que isso é um cenário bastante forçado, e improvável de ocorrer, com todas as térmicas funcionando. Mas faz parte do nosso papel planejar alternativas para atender a este eventual acontecimento", explicou.
O navio do tipo "regaseificador", ou apenas "regás", como é chamado no meio, é a principal alternativa estudada pela estatal para atender a um pico de demanda do combustível que poderia ocorrer diante da necessidade de acionamento de usinas termoelétricas. O navio prevê o recebimento de gás natural liquefeito (GNL) importado por meio de outras embarcações para transformá-lo novamente em gás a ser utilizado nas plantas térmicas. Este navio teria de ficar atracado próximo a pontos de consumo, provavelmente São Paulo, Rio de Janeiro ou Bahia.
Há cerca de um mês, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, havia comentado sobre a possibilidade de fretar estes navios no mercado internacional como uma saída "emergencial". O gerente explicou que a necessidade de construção é avaliada pela estatal porque hoje só existem no mundo duas embarcações semelhantes disponíveis para fretamento, o que pode encarecer em demasia o projeto.
Se construísse uma planta de regaseificação fixa em território nacional, a Petrobras teria de desembolsar algo em torno de US$ 300 milhões para processar um volume de aproximadamente 15 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Segundo estimativas de mercado, um navio com este mesmo porte sairia por menos de US$ 100 milhões e ainda poderia atender a diferentes pontos de consumo, em ocasiões diferenciadas. O fretamento de um navio deste porte, também segundo fontes do mercado, ficaria em torno de US$ 120 mil por dia, mas o gerente da Petrobras não confirma este valor. "Pelos nossos cálculos, é algo bem abaixo disso", afirmou.
Segundo Affonso, os estudos para instalação de sistemas de regaseificação devem ser incluídos na revisão do Planejamento Estratégico da Petrobras para o período entre 2007 e 2011. Outros estudos para plantas fixas ficarão de fora do plano, que deve ser divulgado até junho.