Petrobras e Braskem estudam investir R$ 780 milhões no Complexo Petroquímico do Sul (Copesul) cujo controle foi adquirido com a operação de compra do grupo Ipiranga, formalizada ontem. O objetivo é ampliar a capacidade de produção de resinas em 250 mil toneladas por ano. Concluído o processo de consolidação da central gaúcha, a estatal pretende agora acelerar as negociações para integrar as centrais petroquímicas do Sudeste, último passo para a esperada reestruturação do setor.
No Sul, espera-se que Petrobras e Braskem integrem os ativos de maior valor à Copesul, responsável pela matéria-prima para a produção de plásticos, a exemplo do que foi feito no Complexo Petroquímico do Nordeste (Copene). O diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, diz que as duas empresas já vêm conversando sobre a ampliação do pólo gaúcho, para garantir "musculatura" para competir no concorrido mercado global de resinas. Hoje, a Copesul tem capacidade para produzir 1,35 milhão de toneladas por ano.
Costa informou que os novos donos – que já tinham participação na empresa antes da compra da Ipiranga – pretendem colocar mais um forno em funcionamento na Copesul, além de reduzir os gargalos da produção na central. "O projeto está dentro de uma posição mais abrangente no planejamento estratégico da Petrobras que diz respeito ao fortalecimento e ao crescimento da petroquímica brasileira. Isso só está sendo possível devido ao rearranjo acionário", afirmou o executivo.
Nesse sentido, a Petrobras quer acelerar as conversas para a consolidação da petroquímica do Sudeste, hoje dividida entre a Petroquímica União (PQU) e o pólo gás-químico do Rio de Janeiro, ativos em que a estatal tem parceria com os grupos Unipar e Suzano. "Vamos aprofundar as discussões procurando integração, sinergia e possibilidades de maior robustez dos grupos, como foi feito no Sul", informou Costa.
"Há consenso de que a integração será muito importante e temos interesses nisso como sócios e também porque as centrais são clientes da Petrobras. Queremos clientes fortes", completou o presidente da Petroquisa, subsidiária da estatal para o setor, José Lima de Andrade Neto. Costa frisou, porém, que a Petrobras participará do processo apenas como catalisador de investimentos. "Não é responsabilidade nossa resolver os problemas da indústria petroquímica brasileira", frisou o diretor da estatal.
Após a compra da Ipiranga, a Braskem fica com 64% da Copesul – o restante pertence à Petrobrás. As duas empresas e o grupo Ultra dividem ainda a refinaria Ipiranga, hoje a principal fornecedora de nafta para a central. Segundo Costa, as três companhias têm o compromisso de manter a unidade em operação, mas ainda não definiram qual caminho seguir.
"Já criamos um grupo de trabalho para tratar do assunto e, esta semana, uma equipe vai à refinaria para conhecer as instalações antes de começarmos a discutir o futuro", afirmou o executivo, citando como hipóteses a manutenção da produção de nafta ou o início da operação com biocombustíveis.