Buenos Aires – Em entrevista concedida ao jornal Clarín, o ministro de Planejamento da Bolívia, Carlos Villegas, afirma que "a empresa que tem tido uma reação mais dura ao governo boliviano é a Petrobras, pois é a que obtém lucros mais importantes em nosso país". Por telefone, Villegas falou que o decreto de nacionalização "não é ‘revisável’". Segundo ele, o decreto "será aplicado nas condições estabelecidas pelo governo da Bolívia" e que a "Petrobras tem que aceitar as nomeações (para a diretoria da empresa), e penso que nos próximos dias haverá mais clareza sobre o avanço das negociações que estamos iniciando hoje".
Indagado sobre as nomeações de militares para as diretorias das empresas, Villegas disse que o governo tem tomado "critérios para uma seleção cuidadosa de pessoas que, por uma parte, reúnam experiência em hidrocarbonetos". Segundo ele, o governo também tem contratado advogados que, "se não têm grande conhecimento neste campo em particular, têm um vasto conhecimento jurídico".
Ele argumentou ainda que o governo boliviano escolheu "profissionais de distintos campos que se destacaram na defesa de nossos recursos naturais, tanto civis como um número reduzido de militares que não estão ativos mas em função de reserva". Segundo o ministro, os civis e os militares vão cumprir as mesmas funções que qualquer outro diretor. "Não haverá diferenças entre civis e militares", afirmou.
Villegas negou que a nomeação de militares tenha o objetivo de garantir o apoio dessa força ao governo boliviano. "Isso é totalmente falso", afirmou completando que "desde sua posse, o presidente se reúne todas as segundas-feiras com os comandantes das Forças Armadas, e isso já tem garantido uma dose de confiança mútua. Os militares têm dado mostras de sua defesa da soberania nacional , e é suficiente para que possam participar desta nacionalização".
O ministro informou também que os novos diretores e presidentes vão assumir os cargos de acordo com o estatuto de cada empresa. "Chaco já aceitou a nomeação. Mas nas demais se requer uma convocação de uma junta de acionistas, em um prazo de 20 a 25 dias, para começar o período de mudança. Assim será, por exemplo no caso da Repsol".
Para completar, ele disse que o governo ainda estuda a forma para a compra das ações destas companhias por parte da YPFB (a estatal boliviana). Indagado se a compra será em "espécie", com hidrocarbonetos, ele respondeu que é "uma possibilidade", já que "convém às empresas porque o gás é uma riqueza importante. Mas isso é parte do processo de negociação".