Petrobras ameaça devolver refinarias da Bolívia

A Petrobras colocou na mesa de negociação com a Yaciamentos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) a devolução das duas refinarias de petróleo que controla desde 1999 na Bolívia. Gualberto Villarroel, de Cochabamba, e Guillermo Elder Bell, de Santa Cruz de la Sierra, são responsáveis pela produção da maior parte dos derivados de petróleo consumidos no país. Produz 70% do diesel consumido na Bolívia. A capacidade de processamento de ambas é de 40 mil barris de petróleo por dia.

Segundo uma fonte que acompanha de perto as negociações, a estatal informou que não tem interesse em ser sócia minoritária das refinarias. A direção da Petrobras Bolívia, por intermédio da Assessoria de Comunicação, confirmou a disposição de devolver os dois ativos, mas negou ter iniciado discussões sobre como esse pagamento será feito.

Segundo a fonte, a decisão da estatal brasileira vincula a negociação a dois outros temas: o valor da compensação a ser paga pelo controle integral dos ativos e como esse pagamento será feito. Os dois pontos estão em fase inicial de conversação. A YPFB parece ter interesse em assumir o controle total das refinarias, mas teria condicionado a aceitação desta proposta ao pagamento integral em gás natural, por não ter recursos financeiros para pagar o valor, apenas o combustível.

No Rio, o diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, afirmou que a estatal aceita o gás natural como compensação pela transferência das refinarias. A conclusão de um acordo, porém, depende da definição do preço do gás, tema principal na negociação entre as duas empresas. "Para nós, tanto faz se eles pagam em gás ou em dinheiro. No fim das contas, é a mesma coisa" afirmou.

Ele explicou que os detalhes da proposta boliviana estão sendo discutidos pelos grupos de trabalho formados para este fim. Segundo Sauer, a Petrobras recebe todos os dias cerca de US$ 3,5 milhões em gás boliviano. A expectativa é que o valor das refinarias seja abatido do pagamento pelas importações do contrato atual, já que a companhia não trabalha neste momento com a possibilidade de importar novos volumes da Bolívia.

A saída da Petrobras, segundo a fonte ouvida pelo Estado em La Paz, resulta em dois problemas: a definição do valor correto dos ativos e o preço final do insumo, que será usado como moeda na compra. "A questão é a seguinte: se houver uma auditoria contratada por cada uma das partes, haverá a necessidade de se contratar uma terceira para se chegar um valor comum. Isso pode demorar".

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