Escaldado com a derrocada do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, o PT quer se manter à distância dos desdobramentos da crise provocada pela quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que agora ameaça o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

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Os petistas serão solidários, mas não assumirão sua defesa como assunto do partido. O ministro disse a um parlamentar na semana passada que petistas inconformados com sua influência sobre o presidente Lula e com a autonomia da Polícia Federal nas investigações estariam por trás da movimentação para tirá-lo do posto.

"Isso é inimaginável", reagiu hoje o presidente do PT, Ricardo Berzoini. "O PT tem o maior apreço pelo ministro Márcio Thomaz Bastos e por sua atuação." Segundo o deputado, "não há nenhuma rusga" entre o partido e o ministro, que não é filiado. "O PT defende a permanência de Bastos e seu trabalho à frente do ministério."

Integrantes da Executiva Nacional do PT, entretanto, deixaram claro hoje que cabe ao ministro esclarecer sua participação e ao governo contornar a crise, não ao partido. "O PT tem é que cuidar da campanha à reeleição. A oposição quer nos imobilizar. Fazer mais do que afirmar nossa solidariedade é fazer o jogo da oposição", resumiu um dirigente. "É melhor o PT não se meter", atestou um secretário da legenda. "O governo não pediu opinião ao partido no começo da crise e não é agora que vai pedir."

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Ao contrário do que fez com Palocci, não está nos planos da direção petista divulgar qualquer nota oficial em defesa de Bastos. Ao menos por enquanto.

Impeachment

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Animados com o desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de intenção de voto e de avaliação do governo, o comando petista não acredita que a turbulência que paira sobre Bastos possa dar força à defesa do impeachment de Lula. "A hora de tentar o impeachment já passou", afirmou o secretário. "Agora, com o novo salário mínimo no bolso do trabalhador, então, não há o menor clima para tentar derrubar o Lula."

Líder do governo na Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) disse hoje não acreditar que membros do partido estejam por trás do bombardeio ao ministro. Questionado sobre as queixas de Bastos, afirmou que ele pode ter se referido a petistas que tenham tido efetiva participação na quebra ilegal do sigilo do caseiro. "Temos feito a defesa do ministro normalmente."