O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu impedir que a cúpula do PT lhe desse um ultimato a respeito da garantia de espaço no governo, durante a reunião com o Conselho Político do partido, hoje, no Palácio do Planalto. Diante de mais um comunicado de Lula, de que só vai começar a formar o Ministério no ano que vem, os petistas ficaram constrangidos e não falaram de cargos.
"Falamos sobre a necessidade de ter um segundo mandato voltado para o desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda", disse o presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia. O partido até concordou – pela primeira vez, explicitamente -, com a permanência de Henrique Meirelles na presidência do Banco Central. "Acho que a equipe econômica tem toda condição de tocar uma política diferente, para que o Brasil cresça mais", disse Garcia
"Claro que consideramos que o governo deixou a desejar na questão do desenvolvimento econômico; mas, ao mesmo tempo, foi muito competente na estabilização da economia", afirmou Marco Aurélio Garcia. "Portanto, a mesma equipe pode fazer uma mudança de rumos e trabalhar para o crescimento econômico com geração de renda", afirmou o presidente interino do PT
Sobre eventual pedidos de mais cargos, Garcia disse que os petistas não falaram com Lula "no varejo, só no atacado". Como Lula disse que não tem pressa em resolver a questão, o PT também decidiu fazer o mesmo. "Não temos pressa. Fulanização, varejo, vamos tratar numa fase posterior, em janeiro", continuou Marco Aurélio Garcia. "Isso aqui não é um latifúndio no qual estejamos pregando uma reforma agrária", disse Garcia
Ele afirmou que o presidente Lula comunicou aos petistas que sua idéia é formar um governo de forma "gradual", com base na coalizão de partidos, somente a partir do ano que vem. E que está preocupado com o equilíbrio fiscal. Marco Aurélio disse que o PT também. "O equilíbrio fiscal é um objetivo nosso; não é da oposição".
Escândalos
Marco Aurélio disse ainda que o PT conseguiu superar os escândalos em que se viu envolvido nos últimos anos, como o de Waldomiro Diniz (ex-assessor parlamentar da Casa Civil) e do mensalão, que revelou o esquema milionário do caixa 2 do partido e o suposto pagamento de mesadas para que parlamentares da base do governo votassem a favor de projetos de interesse do Palácio do Planalto e o da compra do dossiê contra políticos tucanos.
"Esses escândalos não foram tão escandalosos, e a população também achou que não eram", respondeu Garcia. Integram o Conselho Político do PT Marco Aurélio Garcia, os vice-presidentes Maria do Rosário (RS) e Jilmar Tatto (SP), e os dirigentes Paulo Ferreira, Joaquim Soriano, Valter Pomar, Renato Simões e Glauber Piva.
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